Ministério Público acusa homem de golpear pescoço da companheira com o gargalo de uma garrafa, numa esplanada em Odivelas.
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A relação entre Carlos Pinheiro, de 37 anos, e Cleidisólete Silva era marcada pelo consumo de álcool e por violência doméstica. No dia 18 de setembro de 2022, terminou da pior forma. A companheira recusou-se a partilhar com o companheiro uma garrafa de vinho branco, que tinha comprado na esplanada do café Mealssy Bar, em Odivelas, e foi atacada. Numa troca de agressões entre ambos, a garrafa partiu-se e Carlos Pinheiro usou o respetivo gargalo para golpear Cleidisólete no pescoço.
O crime, de que foram feitos vídeos, partilhados nas redes sociais, chega agora a tribunal. O arguido, em prisão preventiva, foi acusado de homicídio qualificado. Na acusação, a que o JN teve acesso, o Ministério Público (MP) atribui a motivação do homicídio ao desentendimento sobre a garrafa de vinho.
No dia do crime, pelas 18 horas, o casal dirigiu-se a um café na Rua de Guilherme Gomes Fernandes e sentou-se na esplanada a beber vinho. Algum tempo depois, o homem e a mulher começaram a discutir, ofendendo-se mutuamente. Carlos Pinheiro disse mesmo que a matava, mas, neste momento, não houve agressões.
As agressões ocorreram por volta das 21 horas, quando os dois já se encontravam bastante alcoolizados. A mulher tinha comprado duas garrafas de vinho e sentou-se numa mesa distante do companheiro. Este pediu-lhe vinho, mas ela disse-lhe que não, fazendo estalar nova discussão. O arguido insultou a mulher, que foi ao encontro daquele. Começaram ambos a empurrar-se, e outro cliente ainda tentou separá-los. Mas Carlos Pinheiro apoderou-se da garrafa de vinho da companheira.
Já fora da esplanada, Cleidisólete Silva empurrou o companheiro para uns bancos de cimento. E a garrafa partiu-se. Carlos, com o gargalo na mão, levantou-se, dirigiu-se à vítima e desferiu-lhe um golpe no pescoço, atingindo-a na artéria carótida. A mulher caiu e faleceu momentos depois.
Apercebendo-se da gravidade da situação, Carlos Pinheiro foi ao encontro da companheira e tomou-a nos braços, chorando. Foi detido, ainda no local, pela PSP.
Antecedentes de violência
Carlos Pinheiro e Cleidisólete Silva não eram casados, mas mantinham uma "relação amorosa, como se de marido e mulher se tratasse, partilhando cama, mesa e habitação", escreveu o MP, considerando que, por essa razão, o homem "devia ainda maior consideração e respeito" à vítima.
A relação entre ambos tinha cerca de um ano. No início eram carinhosos, mas, devido ao consumo excessivo de álcool, começaram a ser cada vez mais agressivos um com o outro, envolvendo-se em episódios de violência doméstica que originaram diversos inquéritos, pode ler-se na acusação.
Ocorrência
Manobras sem êxito
No domingo, dia do crime, o alerta foi dado pelas 21.50 horas. Quando a PSP chegou ao local, os meios de socorro já estavam presentes. Efetuavam, sem êxito, manobras de suporte básico de vida à vitima, que apresentava um ferimento no pescoço.
Fuga travada
Perante o cenário de crime, a PSP fez um "perímetro de segurança, para assegurar os meios de prova, bem como identificar testemunhas e impedir a fuga do suspeito". Desta forma, disse na altura a PSP, foi possível identificar e capturar o presumível homicida, que tentava fugir do local".