
Grupo foi detido pela Polícia Judiciária. Três estão em prisão domiciliária
Amin Chaar / Global Imagens
Gangue julgado no Porto por roubos que renderam mais de 100 mil euros. Vítima idosa foi amarrada à cama.
São cinco, três dos quais falsos inspetores da Polícia Judiciária (PJ). Além de armas e munições, tinham binóculos, miras e recetores/bloqueadores de sinais eletrónicos, equipamento que dava crédito às funções usurpadas. Escolhiam as vítimas, vigiavam-nas e atacavam. Roubaram dezenas de milhar de euros em notas e quase uma centena de milhar em carros e outros valores. Uma das vítimas, de 84 anos, a viver sozinha, foi agredida e amarrada à cama. Estão a ser julgados no Porto.
Pedro F., 43 anos, do Porto, Dorindo S., 33 anos, de S. Pedro da Cova; Manuel A., 49 anos, e a companheira, Sónia P., de 44, residentes em Penafiel e Amadeu P. de 46, de Rio Tinto, respondem por dezenas de crimes que incluem roubo, furtos, sequestro, trafico de droga e usurpação de funções.
Os factos que desencadearam a investigação da verdadeira PJ remontam a meados de 2020. Em julho, Beatriz, uma jovem da Maia, conheceu num bar o arguido Pedro, que se apresentou como "inspetor" da PJ. Iniciaram uma relação que, um mês depois, pareceu "útil" à mulher. Nessa altura, ao regressar a casa, viu tudo de pernas para o ar. Fora assaltada. E, em lugar de chamar a Polícia, participou o crime ao namorado. Afinal ele "era da PJ", explicou ao tribunal. Pedro disse-lhe para não mexer em nada, pois iria lá com colegas "fazer o reconhecimento". E foi, com o "inspetor Tone" (o arguido Manuel). "Investigaram" e concluíram que "eles não deixaram indícios que permitam a sua identificação".
Beatriz conformou-se, até "porque eles não levaram o bem mais valioso que cá tinha", exibindo as chaves de um Peugeot 3008, avaliado em 21 mil euros. Mais lhe valia ter estado calada. No dia seguinte, altura em que ia ao Algarve, reparou que as chaves tinham sumido. Pegou na suplente e partiu, matutando no desaparecimento.
Oito dias depois, de regresso - e só Pedro sabia disso - é que percebeu. Parou em casa da mãe e, minutos depois, viu "o carro a andar". Correu aos gritos e ainda reconheceu quem ia ao volante: "o inspetor Tone" (o arguido Manuel). Ficou convencida de que estivera a ser vigiada. O carro foi recuperado, mas o computador, telemóveis, uma carteira "cavalinho" e 400 euros nunca mais apareceram.
Pormenores
Só um arguido confessou
Dorindo foi o único arguido a falar. Contou que se deixou arrastar para o crime a "convite" do Pedro, por causa de um divórcio que o deixou "com uma filha e uma casa para pagar".
Carro de luxo vendido por três mil euros
Um dos assaltos aconteceu em Penafiel, em casa de emigrantes ausentes. Furtaram um Land Rover que valia mais de 50 mil euros e venderam-no por três mil. Em dinheiro e outros bens levaram 39 mil euros.
