Um menino, de 11 anos, morreu, esta terça-feira, após ter sido asfixiado pela mãe, com um cachecol, no interior da sua residência, na aldeia de Sortelhão, na freguesia de Santana de Azinha, na Guarda.
A conclusão preliminar deriva da autópsia concluída esta quarta-feira, ao final da tarde, no Gabinete de Medicina Legal do Hospital da Guarda.
À Polícia Judiciária, Ilda Gonçalves, trabalhadora agrícola, de 47 anos, terá confessado o crime e dito que usou um cachecol. Apesar da eventual utilização dessa peça de vestuário como auxiliar do crime, o corpo da criança tinha marcas de mãos no pescoço e sangue nos olhos.
O resultado da perícia deverá ser remetido agora ao Ministério Público. A suspeita de homicídio, que também tentou matar-se com a ingestão de comprimidos, está sob vigilância psiquiátrica no Hospital da Guarda, e só será ouvida pelo juiz de instrução quando revelar sinais de maior estabilidade.
O menino terá sido morto durante a manhã de anteontem, mas só foi encontrado pelo pai à tarde quando regressou a casa depois de mais um dia de trabalho de jardineiro na Unidade Local de Saúde da Guarda. A mulher estava caída mas ainda consciente no piso de cima da habitação.
Familiares em choque
Sem explicação oficial para o sucedido, os habitantes de Sortelhão ainda não se refizeram do choque. Porém, os vizinhos que lidavam com mãe e o filho e já se tinham apercebido que ela andava perturbada. "Muitas vezes lhe dissemos que fosse ao médico, mas ela respondia que não estava doente", lembrou um casal que, não querendo revelar a identidade, disse poder apenas testemunhar o amor da mulher pelo filho mais novo. "Mal a criança se ausentava de casa ia logo procurá-lo", disse o homem que deu a primeira bicicleta à vítima mortal.
Idêntica posição foi assumida pela madrinha da arguida. "Há pelo menos três anos que andava muito deprimida ", revelou Odete Gomes. "É boa rapariga e por isso não encontro explicação para isto", confessou.
Trabalhadora agrícola em Sortelhão, na Guarda, Ilda Gonçalves perdeu a mãe quando tinha 12 anos e o pai, dependente do álcool, morreu recentemente. Casou aos 16 anos e tem outro filho, já casado e com 27 anos. O menino a que supostamente tirou a vida vai a enterrar amanhã naquela freguesia.
Do hospital ao tribunal
Mal a suspeita de homicídio melhore o estado de saúde, Ilda Gonçalves será detida pela PJ e levada a primeiro interrogatório judicial no Tribunal da Guarda. Ontem, o Ministério Público estudava a hipótese de emitir o respetivo mandado de detenção.
Bombeiro deu alerta
Foi um bombeiro voluntário da corporação da Guarda residente na Catraia do Sortelhão que primeiro entrou dentro da casa onde estavam mãe e filho. Ainda tentou reanimar a criança mas em vão. Acionou o INEM e alertou a GNR.