PJ está a apurar onde arranjou a arma o homem que matou três pessoas em Setúbal

Elementos da policia investigam um tiroteio na zona da Bela Vista, em Setúbal, que provocou quatro mortos
RUI MINDERICO/LUSA
A Polícia Judiciária de Setúbal está a apurar como o homem que matou três pessoas a tiro, em Setúbal, tinha a arma do crime, uma caçadeira.
Cesário, indigente com cerca de 65 anos, que morava numa barraca rodeada por hortas e galinheiros, perto do Bairro da Bela Vista, em Setúbal, fartou-se das queixas dos vizinhos sobre os cães, que atacavam outros animais e faziam barulho. Domingo, às 8 horas, decidiu assassinar todas as pessoas que lhe apareciam à frente. O massacre fez três vítimas mortais: o dono de uma horta e dois columbófilos.
A Polícia Judiciária de Setúbal vai apurar como o homicida tinha a arma com que cometeu o crime, uma caçadeira de canos serrados, que dispersa mais chumbo e é mais fácil de esconder. Sabe-se que Cesário era arrumador de carros e foi em tempos segurança numa escola.
A investigação da PJ, que recolheu testemunhos e vestígios, já conseguiu estabelecer que Mário Andorinha, 60 anos, foi a primeira vítima mortal. O amador de columbofilia foi baleado nas costas à porta do pombal. Ainda cambaleou até a Avenida de Belo Horizonte para pedir ajuda, mas acabou por falecer.
Cesário, tudo indica, queria abater todos os vizinhos com quem se cruzasse e dirigiu-se depois para o segundo criador de pombos, Alberto Almeida, 64 anos. O homicida tinha conflitos com os columbófilos por causa da convivência entre os cães e as aves de competição. Alberto estava dentro do pombal e foi atingido de lado. Teve morte imediata.
Rui Felício Duarte foi a última vítima. Estava na horta, perto da barraca de Cesário. Foi surpreendido pelo homicida que empunhou a arma através do portão da horta da vítima e baleou-a nas costas. Morreu ali.
Apontou arma a polícias
A PSP foi alertada para os disparos e foi ao local. O homicida escondeu-se à entrada da barraca e chegou a ter a caçadeira apontada aos polícias, mas decidiu tirar a própria vida com um tiro.
O massacre levou familiares das vítimas a correr para o local e foram acudidos por equipas de psicólogos do INEM, enquanto a PJ realizava diligências. Os corpos foram transportados, perto das 13 horas, para o Instituto de Medicina Legal para serem autopsiados.
Vítimas com filhos
A primeira vítima, Mário Andorinha, era eletricista mecânico numa oficina na Estrada dos Ciprestes. Morava em Setúbal e deixa dois filhos. O outro amante da columbofilia, Alberto Almeida, 64 anos, foi presidente da Sociedade Columbófila de Setúbal até ao ano passado e era atualmente secretário. Residia em Setúbal e era eletricista da EDP. Deixa mulher, filhos e netos. Rui Felício, 47 anos, era empresário da construção civil e residia na Bela Vista. Costumava ir à horta aos domingos de manhã. Deixa dois filhos pequenos.
João, um morador que tem uma horta nas imediações do crime, também poderia ser mais uma vítima se tivesse o azar de estar, ontem de manhã, no local. "Há dias, os cães dele mataram as minhas galinhas e confrontei-o. Disse-lhe que tinha de as pagar e foi arrumar carros para ter dinheiro. Se estivesse lá, também tinha morrido".
Hortas públicas
O local onde ocorreu o crime pertence ao Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana. Encontra-se por cima da Quinta da Parvoíce, um bairro de lata que está atualmente a ser desmantelado.
Competição
Os dois columbófilos assassinados tratavam dos pombais para receber 25 pombos de competição que iriam chegar de Cáceres, Espanha. A prova em que participavam era de velocidade.
