As viagens de avião e de barco para a ilha de São Jorge foram reforçadas na quinta-feira e hoje, devido ao aumento da procura da população que pretendia sair da ilha, estando previstos novos reforços se necessário.
Na quinta-feira, a Atlânticoline, empresa pública responsável pelo transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores, transportou perto de 400 pessoas de São Jorge para outras ilhas, indicou hoje à Lusa fonte da empresa.
Desde sábado que a atividade sísmica na ilha de São Jorge está "acima do normal", tendo sido registados milhares de sismos, dos quais mais de 170 sentidos pela população.
Na quarta-feira, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção".
Várias pessoas decidiram abandonar a ilha, o que exigiu um reforço do número de ligações aéreas e marítimas.
De acordo com fonte do gabinete de comunicação da Atlânticoline, na quinta-feira à noite foi realizada uma viagem extraordinária com partida de São Jorge, a somar-se à realizada durante a manhã.
Na viagem da manhã foram transportados 154 passageiros e 13 viaturas e, na da noite, 234 passageiros e 14 viaturas.
Segundo a Atlânticoline, "a média de passageiros embarcados nas Velas por viagem em fevereiro foi de 32" e "a média de viaturas foi de cinco".
No âmbito do reforço de viagens na operação que liga São Jorge, Pico e Faial, a empresa indicou que para hoje estavam programadas duas viagens, mas já foi adicionada uma terceira, a meio da tarde.
"A título excecional e tendo em conta a dificuldade dos jorgenses em conseguir caixas de transporte para animais", a Atlânticoline está "a permitir o embarque dos mesmos sem caixas".
Também a SATA, única companhia aérea que voa para São Jorge, reforçou o número de voos.
Esta quinta-feira, a SATA efetuou cinco voos entre aquela ilha e as ilhas Terceira e São Miguel, dois programados e três extraordinários.
Para hoje estão previstos mais três voos, um já programado para a ilha Terceira e dois extraordinários para Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
"Havendo necessidade, a SATA tem capacidade de reforço", avançou, em declarações à Lusa, fonte do gabinete de comunicação da companhia aérea açoriana, acrescentando que a empresa está "a acompanhar a situação" junto das autoridades locais.
No entanto, a fonte não soube precisar o número de passageiros transportados na quinta-feira.
O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, que acompanha o evoluir da situação sismovulcânica na ilha de São Jorge, já tinha revelado, esta quinta-feira, que haveria um aumento do número de ligações à ilha.
"Estamos a reforçar os voos para quem queira e já há manifestações de intenções de saída da ilha de São Jorge. Estamos já a alocar os meios e está tudo preparado. Por isso uma palavra de tranquilização", adiantou, na altura.
Questionado sobre se a saída de população era prematura, José Manuel Bolieiro disse compreender a "ansiedade" dos cidadãos e reiterou que "antes excessivo na prudência do que negligente na ação".
"Esta ansiedade é natural e a saída é prudencial na medida em que os familiares [dos jorgenses] que não estão na ilha de São Jorge estão de braços abertos para receber e acolher. Por isso é até uma metodologia e um método muito bom", apontou.
As ilhas do grupo central dos Açores, onde se inclui a ilha de São Jorge, estão sob aviso amarelo devido às previsões de chuva, entre hoje e sábado.
Segundo o presidente do CIVISA, Rui Marques, a precipitação, conjugada com a crise sísmica, pode provocar desabamentos em São Jorge.
O executivo açoriano decidiu, por isso, proibir o acesso às fajãs do concelho das Velas e retirar os habitantes que lá vivem.
O Plano Regional de Emergência da Proteção Civil dos Açores e os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha (Velas e Calheta) foram ativados.
Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8373 habitantes, dos quais 4936 no concelho das Velas e 3437 no concelho da Calheta.