
Cães filmados por Domingos Pataca Esteves, quando foi atacado na praia de S. Jacinto, obrigando o morador a fugir para o mar
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Multiplicam-se relatos de pessoas perseguidas e mordidas por animais que se juntam em duas matilhas. Junta, GNR e Câmara procuram solução.
A história vivida por Domingos Pataca Esteves é uma das várias que ilustram o clima de medo em que a população e turistas de S. Jacinto vivem mergulhados há semanas, devido a grupos de cães errantes que percorrem a freguesia. Há dias, Domingos passeava pela praia quando foi cercado por um grupo de cães. Contou 13. Primeiro, tentou assustá-los com um pau que trazia na mão. Mas o pau partiu e ficou "encurralado". "Tive de entrar no mar para não ser atacado", recorda. Um bando de aves distraiu a matilha e ele aproveitou para correr até à bicicleta. Foi perseguido e decidiu atirar-lhes uma garrafa que, ao partir, fez barulho e os assustou de vez. "Tive sorte", diz ao JN.
O mesmo não aconteceu, porém, com um turista que, no início da semana, foi visto "com as calças rotas e a escorrer sangue das pernas", dizendo que fora "atacado por cães", relata José Antunes, da padaria e pastelaria Progresso, que tem ouvido várias histórias semelhantes. "Para além do turista, já me contaram de um casal estrangeiro, pescadores e várias pessoas da terra atacados. Dizem que parecem lobos e têm medo", afirma o comerciante.
Domingos Pataca Esteves soma mais um caso de uma professora que foi perseguida e só conseguiu escapar porque alguém tinha deixado a porta do quintal aberta.
Identificadas duas matilhas
O presidente da Junta de S. Jacinto, António Aguiar, confirma que, há um mês, "uma francesa que estava de férias foi mordida com gravidade pelos cães e teve de ir ao hospital". Foi a primeira de seis situações reportadas à Junta, mas o autarca acredita que "haja muitas mais". "As pessoas têm medo. Algumas já se atiraram ao mar para escapar, outras deixaram de ir caminhar à noite ou de sair sozinhas", lamenta. A junta identificou "duas matilhas" e tem procurado "encontrar uma solução com a ajuda da GNR e Câmara", acrescenta António Aguiar, sublinhando que é preciso urgência porque os cães "são um perigo".
Fonte oficial da GNR avançou que recebeu um alerta sobre animais errantes através da linha SOS Ambiente e, nas diligências efetuadas, não conseguiu identificar os proprietários dos cães. "Não temos nota oficial de pessoas mordidas, só de animais errantes", frisa a GNR, explicando que a situação foi, por isso, encaminhada para a Câmara de Aveiro, que tem a incumbência legal da recolha. O presidente da Câmara, Ribau Esteves, também diz não ter conhecimento de pessoas mordidas e já está a preparar a recolha.
Câmara está a preparar operação de recolha para breve
A Câmara avançou que está a preparar uma "operação de recolha", que será articulada entre a Autarquia e o serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR. A ação, que visa "cuidar da segurança das pessoas e do bem-estar dos animais", vai acontecer "em breve", garante o edil Ribau Esteves. O autarca salienta ainda as dificuldades em recolher os animais, uma vez que "a legislação limita o uso de armadilhas e outros utensílios". Depois de recolhidos, os cães serão "colocados em centros próprios", disse, sem especificar onde.
