Cumpridos 25 anos sobre o início das recriações históricas que culminam, anualmente, com a realização da Viagem Medieval, a Feira vai ter um evento similar permanente que levará ao centro histórico e Castelo a vivência da Idade Média.
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Cavaleiros, cortejos medievais, o rufar dos tambores e outros acontecimentos e espetáculos, com dezenas de figurantes, vão surgir todos os fins de semana na zona histórica e Castelo.
"Dias do Burgo", assim se designa o projeto apresentado, esta manhã, e com o qual a Câmara e a empresa municipal Feira Viva pretendem prolongar o espírito das recriações medievais ao longo de todo o ano. A Quinta do Castelo, a Igreja Matriz e o Museu Convento dos Lóios serão também locais incluídos na iniciativa que tem início previsto a 10 de junho, mas que estará pendente da atual situação pandémica.
A organização pretende criar o mais fielmente possível o "habitat" medieval, contando para o efeito com a adesão do comércio local, restauração e hotelaria, que vão adaptar os seus espaços e trajar os funcionários à época. A Câmara vai intervir em todo o espaço urbano e de lazer, redefinindo pormenores como, por exemplo, a sinalética existente, os bancos, as papeleiras e floreiras e até o parque infantil que ali existe, dando-lhes o desejado "cunho" medieval.
O investimento no primeiro ano deverá atingir os 200 mil euros. Podendo, no entanto, chegar aos 750 mil euros durante três anos. Cerca de 500 mil euros serão destinados às associações para que estas se adaptem às exigências dos "Dias do Burgo". À semelhança do que acontece com a Viagem Medieval e outras iniciativas, também estas recriações ficarão entregues às associações e outras entidades do concelho.
Espera-se que, ao fim de três anos, se alcance a auto-sustentabilidade do projeto que cobrará entrada para os espetáculos a decorrer no Castelo e Quinta do Castelo. Os feirenses terão entrada gratuita garantida. "A pandemia levou-nos a concretizar algo que já andava nas nossas mentes e que o tornou mais premente. É um projeto para o ano inteiro e com o objetivo de ter uma média de 100 mil visitantes ano", explicou o presidente da Câmara Municipal, Emídio Sousa.
Diz o autarca que se pretende, ainda, que os visitantes aproveitem estes espetáculos para ficarem o fim-de-semana na Feira e usufruírem de outros espaços de visita que existem no concelho, promovendo outros equipamentos culturais e turísticos. Para Paulo Sérgio, diretor-geral da Feira Viva, o evento irá contribuir para "reduzir a sazonalidade das visitas ao território". "É um filho da pandemia que nos obrigou a olhar para os recursos endógenos".
Considera que o mesmo só é possível devido à experiência adquirida ao longo de 25 anos. "Não nos parece que exista outro território que consiga fazer isto. Temos a experiência acumulada de diversas entidades", explicou. Garante que haverá cuidados acrescidos com a "autenticidade". "Não podemos defraudar os nossos convidados, todos aqueles que vêm à Feira".
"Não queremos milhares de pessoas, queremos algumas pessoas durante o fim-de-semana, numa experiência intimistas e de proximidade". Paulo Sérgio adianta que haverá diferentes espetáculos, cortejos medievais todos os domingos, envolvendo mais de 50 associações. "O projeto só tem sustentabilidade se tiver qualidade", concluiu.
A Viagem Medieval irá manter-se, mas ainda não foi tomada a decisão quanto à realização, ou não, da edição deste ano. Haverá reuniões futuras para definir esse propósito que estará sempre dependente da evolução da pandemia.