O presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, criticou este sábado a anunciada agregação de freguesias, considerando que são "realmente loucos" os que consideram que a medida vai contribuir para a diminuição da despesa do Estado.
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"São realmente loucos. [A agregação] não vai diminuir a despesa do Estado. Vai, isso sim, aumentá-la", referiu Mesquita Machado, durante um almoço promovido pelos presidentes de junta do concelho, em homenagem aos 36 anos que leva à frente do Município de Braga.
Mesquita lembrou que a "gratificação" paga aos presidentes de junta "não chega para a gasolina e para os telefonemas", e sublinhou que o "trabalho nas freguesias é todo em regime de voluntariado".
"Com a reforma administrativa, que espero não vá avante, todo o trabalho de voluntariado iria ao ar", alertou.
Para o autarca de Braga, aquela reforma seria feita "contra a vontade do povo" e constituiria "um atentado à cultura e ao passado" de cada freguesia.
"Até aqui, na Assembleia da República, parece que andaram a brincar, a criar freguesias e concelhos. Agora, querem fazer o contrário. Mas o que é isto? Em que país estamos?", insurgiu-se.
Mesquita Machado está a cumprir o último mandato à frente do Município de Braga, tendo de sair por imposição da lei de limitação de mandatos.
Considerou que esta lei é "discriminatória", por só se aplicar aos autarcas, mas ressalvou que, neste momento, se manifestaria contra a alteração da legislação.
"Nem pensar. Primeiro deixem-me ir embora e então depois pensem nisso", referiu, confessando-se "satisfeito" por poder deixar a Câmara sem que ninguém lhe dê "cabo da cabeça" para continuar.
É que, como recordou, foram 10 eleições consecutivas e, até aqui, 36 anos de presidência, a que se juntará ainda mais um, até completar o atual mandato.