
Casa das máquinas do ar condicionado que está desligado desde 2010
Cristiana Milhão/Global Imagens
Sistema de ar condicionado AVAC custou um milhão à Câmara de Guimarães, mas consome muita energia. Funcionários queixam-se.
O sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC) da Câmara de Guimarães está sem funcionar praticamente desde que foi instalado, em 2010, porque consome muita energia. O equipamento é um dos mais luxuosos do país e o JN conseguiu ter acesso à ata da deliberação da compra, que mostra que o preço final foi de 813 mil e 400 euros, mais IVA, o que dá um total de um milhão de euros.
É uma verba gasta pelo erário público que raramente teve utilidade, pois o sistema apenas foi ligado algumas vezes desde que acabou de ser colocado, em 2010.
O processo de instalação envolveu vários contratos, à medida que a refrigeração ia sendo colocada nas várias divisões que compõem o edifício do Município, no antigo Convento de Santa Clara.
O processo começou em 2006 e terminou em 2010, com a conta final a aparecer na deliberação da reunião de Câmara do dia 24 de março de 2011. "Foi deliberado aprovar por unanimidade" a conta final de um milhão de euros, lê-se na ata, o que significa que teve a aprovação dos vereadores do PS, PSD e CDU.
Novo investimento
Em 2016, vários funcionários queixaram-se às chefias dizendo que queriam o sistema ligado para poderem trabalhar em época de altas temperaturas. Ainda naquele ano, a Câmara Municipal de Guimarães comprou aparelhos portáteis de ar condicionado, realizando novo investimento, mas a sua eficácia é duvidosa nas épocas mais quentes como a que se atravessa.
"Quando faz mais calor temos de ter as janelas ou as portas abertas para deixar o tubo do ar portátil sair, o que faz entrar o calor", queixa-se um funcionário, ao abrigo de anonimato, por temer represálias.
O JN questionou a Câmara Municipal de Guimarães para perceber se existe algum plano para pôr o sistema AVAC em funcionamento, dado o investimento de um milhão de euros realizado em 2010. Contudo, não obteve resposta até à data de ontem.
Em 2016, fonte oficial da Autarquia tinha dito ao JN que "o sistema AVAC consome muita energia, o edifício é antigo, tem muita transmissão térmica, muita perda de calor e frio, e, por razões de poupança, não está ligado".
Utilização todo o ano
O sistema AVAC é um dos equipamentos de climatização mais avançados do país. Como o próprio nome indica, pode ser utilizado para aquecer ou refrescar o ar, sendo, por isso, útil no verão e inverno.
Para guiar o ar, o AVAC utiliza um sistema de condutas e ventiladores embutidas no edifício. A casa das máquinas do sistema AVAC pode ser vista a partir do recém-inaugurado passadiço metálico sobre a muralha. Lá dentro os equipamentos estão novos.
A saber
Três funções do AVAC
O sistema AVAC é uma unidade de tratamento do ar em espaços fechados que significa "aquecimento, ventilação e ar condicionado". As três funções estão relacionadas entre si, tendo em vista a substituição de ar de forma a purificá-lo e dotá-lo da temperatura exigível para o espaço.
Empresa
A conta final da instalação do sistema AVAC mostra que a empreitada foi adjudicada ao Agrupamento SISTAVAC, SA, atualmente a operar sob a marca RACE, detida em 70% pela Sonae Capital.
Aquecedores
Se para o verão foram comprados aparelhos portáteis de ar condicionado, para o inverno foram comprados aquecedores. Há ainda divisões com ventoinhas.
Números
3190 euros
É o custo anual da manutenção do sistema AVAC, de acordo com o contrato, só para as divisões de Obras Particulares e Operações de Loteamento.
40 mil euros
Apesar de ter custado cerca de um milhão de euros, IVA incluído, a instalação do sistema AVAC ficou mais barata que o previsto em cerca de 40 mil euros, pode ler-se na deliberação da Câmara, datada de março de 2011.
