
Miguel Pereira/Global Imagens
As perfurações ocorridas numa pedreira de Airão Santa Maria, em Guimarães, motivaram o encerramento de uma estrada vital para a mobilidade dos cerca de 1700 habitantes daquela freguesia e das limítrofes.
A população não concorda com o fecho, que dura há mais de quatro meses, mas a Câmara alega que teve de ser assim "por questões de segurança".
José Oliveira vive "do lado de lá". É assim, lá e cá, que agora são apelidadas as duas metades da freguesia desde que a estrada foi interditada ao trânsito. Cá, fica a Junta de Freguesia, a igreja, a escola e basicamente toda a parte cívica de Airão Santa Maria. Lá, mora metade da população que tem de fazer, em média, quatro vezes mais caminho de carro para ir àqueles espaços. "Sou obrigado a ir quase à vila de Joane, que é do concelho de Famalicão, para me deslocar para esta parte de cá. Vivo a 100 metros das coisas e sou obrigado a fazer dois quilómetros", relata José Oliveira, enquanto aprecia com lamento o sinal de trânsito proibido e as barreiras de betão que impedem os carros de passar.
Foram ali colocados pela Câmara de Guimarães a 26 de março, na sequência de uma fiscalização a todas as estradas do concelho que ficam junto de pedreiras. O motivo da fiscalização foi evitar que se repita, ali, a tragédia de Borba.
Em Airão, a Rua da Boucinha também está ladeada por pedreiras, e se a Câmara entende haver perigo para a segurança, nem todos concordam com tal. Na missiva enviada pela Autarquia à Junta de Freguesia para justificar o fecho, explica-se que o encerramento se dá "por questões de segurança considerando o maciço rochoso com corte vertical da pedreira que confronta com esse arruamento público".
À espera de soluções
Já a Junta de Freguesia quer conhecer em pormenor os motivos que validaram a decisão de fechar a estrada. "Isto alterou as rotinas das pessoas, o que é um problema. Recebemos queixas diariamente de gente revoltada que não compreende", vinca Marçal Salazar, presidente da Junta.
Fonte oficial da Câmara refere que "o encerramento é temporário por uma questão de segurança de pessoas e bens" pois a estrada "não está em condições de ser reaberta". Tal só será possível "através de soluções a apresentar pelos responsáveis das pedreiras laterais", acrescenta a Autarquia.
O JN não encontrou, em Airão, qualquer pessoa que concordasse com o fecho. Por um lado, dizem que as perfurações locais estão longe de ter a dimensão das alentejanas de Borba, e por outro recordam que já houve, em Airão, obras de saneamento que provocaram explosões controladas sem que a estrada cedesse.
