<p>Vários dos principais cargos públicos e associativos em Braga são ocupados por pessoas naturais de Vila Nova de Famalicão, afirmando este concelho na capacidade para formar quadros e cérebros. Há quem lhe chame "curiosidade curiosa".</p>
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O governador civil Fernando Moniz é da aldeia de Calendário. O arcebispo D. Jorge Ortiga nasceu na vizinha Brufe. O presidente da Câmara, Francisco Mesquita Machado, é de Pousada de Saramagos, tal como o irmão Lino Mesquita Machado, que lidera o Conselho de Administração do Hospital de S. Marcos. O programador do Theatro Circo, Paulo Brandão, vem da cidade de Famalicão. O dirigente da distrital CDS/PP, Nuno Melo, é de Joane. E, muito provavelmente, há mais concidadãos "emigrados" para cargos de referência na capital do Baixo Minho.
"É uma feliz coincidência, e não deixa de ser notória", sorriu D. Jorge Ortiga, que gosta de acentuar aquela costela, no sentido que a sua terra natal tem boa gente. A sua família e a do governador civil até são próximas e partilham espaços, pois a esposa de Fernando Moniz é de Brufe. Para este, Famalicão é a cidade mais nova do quadrilátero urbano, o que "permite despontar algum dinamismo acrescido, procurando recuperar o passado". A naturalidade de Moniz "em nada pesa nas decisões profissionais, é óbvio".
Famalicense braguista
Muitos desconhecem que Mesquita Machado nasceu em Pousada de Saramagos, onde vai raramente visitar tios e primos. Emigrou com os pais cinco anos na Venezuela e, aos 13, veio fazer o liceu em Braga e viver com a tia-avó Luzanira. Autarca há 32 anos, nem costuma falar da infância e sente-se cada vez mais bracarense, brácaro e braguista - nem dorme após certas derrotas do SC Braga.
Paulo Brandão nota que a gestão das terras é feita em geral por pessoas muito próximas, contudo a naturalidade "não será determinante no dia-a-dia e nas co-relações". "É uma curiosidade curiosa ter conterrâneos nesses cargos em Braga, mostra a capacidade dos famalicenses e há um certo orgulho, seria interessante marcarmos um jantar conjunto, devido aos afazeres profissionais falamos ou encontramo-nos pouco", desafiou.
Já Nuno Melo declarou que Famalicão "consegue confluir toda a diversidade da região, porque cruza vários caminhos, para Braga, Guimarães, Barcelos, Póvoa, Porto…". Foi "essa característica" que o levou a ganhar a distrital do partido, catapultando-o no país. "A minha candidatura unia ideias de todos os concelhos", vincou o agora eurodeputado.
De Santarém a Luanda
A proveniência dos dirigentes em Braga é imensa. Citando alguns forasteiros, o líder da AIMinho, António Marques, e o administrador do Theatro Circo, Rui Madeira, são de Santarém. O treinador do ABC, Jorge Rito, é de Leiria, o do SC Braga, Domingos Paciência, de Leça da Palmeira, e o do Hóquei de Braga, Vítor Silva, de Paço d'Arcos.
De Moçambique chegam a directora do Museu D. Diogo de Sousa, Isabel Silva, o ex-reitor da UM, Guimarães Rodrigues, e o gerente da discoteca Sardinha Biba, Pedro Bandeira. De Angola vêm o "patrão" das festas de S. João de Braga, Vítor Sousa, o vocalista dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal, e o líder da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes.
Joaquim Loureiro, da Quercus/Braga, nasceu em Alcobaça; Virgílio Costa, da distrital PSD, em S. Martinho do Campo (Santo Tirso), Adão Mendes, da União de Sindicatos de Braga, em Ronfe (Guimarães); a responsável do Mosteiro de Tibães, Aida Mata, em Alcântara; o ex-director da Biblioteca Pública de Braga, Henrique Barreto Nunes, em Monção; o programador do Braga Jazz, José Carlos Santos, em Viana do Castelo; e o humorista João Seabra, que se apresenta com "Em bim de Braga", é afinal… do Porto.
Há, ainda Artur Sá da Costa, de Cabeçudos, na Civitas, e António Cândido de Oliveira, de Cavalões, no Centro de Estudos Jurídicos do Minho.