Agricultores invadem ruas de Mirandela em protesto contra a "incompetência" do Governo

Fernando Pires/JN
Alguns milhares de agricultores e mais de uma centena de tratores agrícolas entupiram, esta quinta-feira, as ruas de Mirandela, para participar na manifestação promovida pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) em protesto contra a "incompetência do Governo" e em particular do Ministério da Agricultura na gestão das verbas que chegam da União Europeia.
O receio da extinção da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e a sua integração na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte também estava bem patente nos diversos cartazes e tarjas carregados pelos agricultores.
"Ela [ministra] tem que estar aqui, no centro da lavoura, e não têm nada que a levar para o litoral, para o mar, porque aí é dos pescadores", afirmou Aristides Cadavez, agricultor de Mirandela, que diz estar desiludido com o Governo. "Têm de valorizar o respeitar o agricultor e isso não está a acontecer", lamentou.
Também Luís Teixeira, agricultor de Murça, entende que o setor está em total decadência. "É tudo muito mais caro, as nossas produções tiveram uma quebra em toda a linha e apoios nem vê-los. A ministra tem de sair do escritório e ver a realidade da nossa agricultura", disse.
O presidente da CAP justifica esta iniciativa por considerar que o Ministério da Agricultura "entrou em colapso e a desvalorização do mundo rural é uma evidência". Eduardo Oliveira e Sousa diz tratar-se de uma manifestação "de indignação e de falta de respeito do Governo pelos agricultores" e dá o exemplo de que estão 1300 milhões de euros do PDR por executar. "Devido à incompetência do Governo não estão a ser utilizados por Portugal quando o seu prazo já devia ter sido executado até dezembro de 2022 e isto pode vir a traduzir-se numa perda de parte deste dinheiro", frisou.
E apesar de não concretizar, o líder da CAP dá a entender que a ministra da Agricultura devia abandonar o cargo. "Se para o primeiro-ministro a agricultura de Portugal for importante, muito provavelmente terá que substituir a ministra da Agricultura", referiu.
Esta foi a primeira de várias ações de protesto agendadas pela CAP. A segunda está marcada para Castelo Branco, na próxima segunda-feira, e as restantes vão acontecer durante o mês de fevereiro no Ribatejo, no Oeste e no Alentejo.
