Projetos pretendem facilitar reinserção social de reclusos da prisão do Linhó quando saírem.
A prisão do Linhó, em Cascais, tem meio milhar de reclusos, a maioria "muito jovens, com idades entre os 18 e os 30 anos, com penas elevadíssimas". Terem sido presos muito novos e nunca terem tido uma atividade profissional ou constituído família dificulta a sua reinserção social quando saem. Para mudar esta realidade, o estabelecimento prisional e a Câmara de Cascais assinaram esta segunda-feira um protocolo que prevê empregar reclusos em serviços municipais e dentro da prisão a cultivarem terrenos.
Um dos projetos, que deverá arrancar em março, consiste em colocar cerca de 25 reclusos a plantarem amendoeiras, figueiras, aveleiras, entre outras árvores de fruto, e a trabalharem em duas estufas, onde serão plantadas framboesas, morangos e outros frutos e legumes. O "Linhó Circular" prevê ainda que os presos reaproveitem resíduos da cozinha da prisão para adubo dos solos que vão cultivar e a criação de 50 colmeias para produção de mil quilos de mel por ano.
Estes produtos serão consumidos pelos reclusos, mas também vendidos a comerciantes locais, mercados municipais e grandes cadeias de supermercados. As receitas serão depois utilizadas para "aquisição de material desportivo, recuperação de campos de futebol da prisão, entre outros", exemplifica ao JN o diretor do Estabelecimento Prisional do Linhó, Carlos Moreira. Cerca de 20 reclusos trabalharão ainda a embalar os produtos dentro da prisão.
O outro projeto consiste em a Câmara de Cascais empregar presos em regime aberto, ou seja, que podem sair durante o dia, mas têm de voltar à noite para a prisão. Para já o protocolo prevê a contratação de quatro, mas poderá chegar aos 12, para trabalharem em obras públicas ou separação de resíduos. "São funções que a autarquia tem dificuldade em encontrar mão-de-obra", reconhece Jorge Roquete Cardoso, adjunto do presidente da Câmara de Cascais.
Em ambos os projetos os presos vão ganhar um salário. "Podem juntar dinheiro para quando saírem terem um pé de meia para iniciarem a vida que projetaram", explica Carlos Moreira.