Numa altura em que se fala de desinvestimento na ferrovia, há autarcas que se uniram para defender a criação de uma nova linha no Vale do Sousa, ligando a atual linha do Douro, em Valongo, a Felgueiras.
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Já existem estudos preliminares e sugestões de traçados e, amanhã, realiza-se uma conferência com especialistas e políticos dos vários quadrantes para defender esta solução de mobilidade que iria servir os concelhos de Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Valongo e cerca de 400 mil pessoas.
Foi Humberto Brito, presidente da Câmara de Paços de Ferreira, que começou a defender um possível traçado ferroviário entre a linha do Douro e o concelho. O município avançou com um estudo, alargado a Felgueiras, que defendia que, apesar da proximidade à Área Metropolitana do Porto, as vias rodoviárias de acesso aos concelhos da região são "insuficientes e onerosas", não existindo ainda uma rede de transportes públicos capaz de servir uma população dependente da viatura própria.
Para 400 mil habitantes
A ferrovia ganhava ainda mais sentido num território com 30 mil empresas que faturam 6,5 mil milhões de euros e a necessidade de reforçar a competitividade dos setores do calçado, têxtil e mobiliário. "A linha do Vale do Sousa irá servir mais de 400 mil habitantes, ao mesmo tempo que reforçará a competitividade dos setores tradicionais, com 4% das exportações nacionais", argumenta Brito, lembrando que esta é uma região jovem, mas das mais pobres do país. "A região precisa de investimento público.
Este é um projeto que promove a coesão social e territorial e combate as assimetrias, indo de encontro aos objetivos dos fundos comunitários", diz o também presidente da Associação de Municípios do Vale do Sousa.
A nova linha consta ainda de um outro estudo que apresenta uma proposta de reorganização dos suburbanos do Porto e expansões até Felgueiras, mas também Leixões, Aeroporto, Oliveira de Azeméis, Barcelos, Amarante e Marco de Canaveses.
Apesar de a linha proposta, com 36,5 quilómetros, atravessar apenas quatro dos 11 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Telmo Pinto, primeiro secretário da CIM, sustenta que há uma "união" em torno deste investimento. "Devemos lutar por uma nova centralidade. A mobilidade é um dos valores estratégicos dos territórios", defende. Em curso, explica, está já um novo estudo técnico e financeiro sobre esta linha, a realizar pelo professor da Faculdade de Engenharia do Porto Álvaro Costa, que deve estar concluído no primeiro trimestre de 2019. O objetivo é integrar o projeto no Plano Nacional de Investimentos 2030.