Complexo do antigo Intermarché, em Gueifães, na Maia, está ao abandono há dois anos. Câmara confirma falta de segurança e vai exigir que zona seja vedada.
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O cenário é devastador. A loja do Intermarché no lugar de Santana, em Gueifães, Maia, que fechou portas em 2018, foi totalmente vandalizada, pilhada, e é regularmente usada como refúgio de marginais. Para além do lixo espalhado no exterior, está em causa a segurança da população, uma vez que o complexo integra um posto de combustível e não se sabe se os depósitos estão vazios. Para agravar a situação, as tampas de saneamento foram furtadas, deixando buracos sem qualquer proteção, e há tijolos e vidros partidos por todo o lado.
Contactada pelo JN, a presidente de Junta, Olga Freire, disse "desconhecer a situação". Já fonte da Câmara confirmou que, em maio, foi feita uma vistoria ao local, cujo relatório confirma "falta de segurança ambiental do posto de combustível desativado, bem como para a saúde e segurança pública".
O imóvel, cujo interior foi completamente desventrado - só se nota que existiam outras lojas dentro do supermercado, como um centro de estética, uma florista, um quiosque e um cabeleireiro, porque as paredes são diferentes - tem sinais de que continua a ser "visitado". Isto porque um dos acessos ao espaço que estava emparedado foi destruído, mantendo-se um buraco.
No interior, além das paredes grafitadas, pelo chão há documentos espalhados e dossiês da antiga atividade comercial, como guias de remessa e até autocolantes de "boas-festas".
Contactada pelo JN, fonte do Grupo Mosqueteiros, dono do Intermarché, referiu "nada poder fazer" para reverter a situação, uma vez que "o imóvel não é do grupo, mas sim de um proprietário". Ou seja, o supermercado funcionava em regime de "franchise", com um empresário a explorar o conceito de negócio e respetiva marca. Terá entrado em insolvência.
Vedação da zona
Na Rua do Areal, onde fica o antigo supermercado, a maior preocupação dos moradores prende-se com a possibilidade dos depósitos de gasóleo e de gasolina ainda terem combustível.
"Só quando aqui acontecer uma desgraça é que alguém vai olhar para isto e resolver este assunto", desabafou um morador, que preferiu o anonimato, apontando o dedo "às entidades competentes que nada fazem".
Para o residente, é "inqualificável" o estado de degradação a que chegou o equipamento, e manifestou "medo" de ali passar à noite, por ser "um lugar ermo".
Aliás, de acordo com fonte da Câmara da Maia, em abril a Polícia Municipal deslocou-se ao local, acabando por delimitar com fitas os principais acessos ao supermercado, "após queixas da população sobre a utilização indevida do espaço público". "A PSP também reportou a situação", frisou.
Todavia, segundo os moradores, "nada foi feito para recolher o lixo". Além de muita roupa amontoada, e louça partida, há arcas frigoríficas e até dois sofás.
A Câmara da Maia referiu ainda que "vai exigir ao administrador de insolvência a retirada do combustível ou gases existentes no depósito, a interdição do acesso ao interior do posto de combustível e zona comercial e a vedação da zona".