Os chefes de equipa de urgência do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde apresentaram, na sexta-feira, a demissão por "grave carência de recursos humanos médicos".
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) especificou, em comunicado, que os médicos apresentaram a carta de demissão ao presidente do conselho de administração e ao diretor clínico, tendo a mesma sido assinada por todos os chefes de equipa, à exceção da diretora do serviço de urgência que também exerce funções de chefe de equipa.
"A demissão coletiva é motivada pela grave carência de recursos humanos médicos no serviço de urgência daquele centro hospitalar, que já não permite assegurar cuidados em segurança para os doentes", referiu.
A título de exemplo, o SIM revelou que nas noites de 31 de dezembro de 2021 e 1 de janeiro de 2022, haverá apenas dois médicos em vez de cinco.
Os cuidados que eram assegurados por dois médicos de medicina interna e três generalistas passam, agora, a ter de ser assegurados por apenas dois médicos de medicina interna, sublinhou.
"Isto inclui atender não só os doentes triados com vermelho e laranja, executar tarefas inerentes ao chefe de equipa e proceder a transportes de doentes críticos, como também atender todos os doentes da área médica triados com verde ou amarelo e apoio à área dedicada a doentes com covid-19 ou suspeitos de covid-19", adiantou o sindicato.
A isto, acrescentou o SIM, nessas duas noites não haverá médicos de ginecologia/obstetrícia no serviço de urgência.
Esta situação é de "enorme gravidade" porque recorrem ao centro hospitalar grávidas e parturientes de todo o país, frisou, ressalvando não haver qualquer aviso às grávidas de que a urgência de obstetrícia está encerrada nessas noites.
Reuniões na segunda-feira
O Centro Hospitalar Póvoa de Varzim - Vila do Conde confirmou, em comunicado enviado às redações, ter rececionado, na noite de sexta-feira, a carta de intenção de demissão dos chefes de equipa do serviço de urgência, mas esclareceu que o serviço de urgência se mantém "em pleno funcionamento".
Os chefes de equipa visados nesta situação estão "a assegurar o normal funcionamento do serviço, mantendo-se assim em funções e providenciando todos os cuidados inerentes ao funcionamento do serviço de urgência", pode ler-se na nota, onde a administração hospital anunciou ainda que serão realizadas reuniões, na segunda-feira, para tentar ultrapassar as dificuldades ao nível dos recursos humanos.