Desde que veio ao mundo, a 17 de fevereiro, foram apenas seis os dias em que o pequeníssimo Mateus viveu sem as duas pernas engessadas. Foram os primeiros dias de vida. Desde então, só tira o gesso a cada 15 dias, para trocá-lo por novo, na tentativa de que os pés adquiram a posição normal que um dia lhe permitam caminhar. A família pede ajuda para comprar calçado adaptado.
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O bebé nasceu com pé boto bilateral - com os dois pés totalmente virados para dentro -, uma deformidade detetada em ecografia às 22 semanas de gestação e que "os médicos disseram ser corrigível", recorda a mãe de Mateus, Joana Alves. Se a correção com gesso - chamado Método Ponseti - não resultar, o menino será operado, mas, seja como for, terá de usar botas adaptadas que a família, residente em Ermesinde, Valongo, diz não ter como adquirir.
"Se a operação for necessária, o hospital também comparticipa, como o gesso. Mas o restante são os pais que têm de assegurar, e cada par de botas custa cerca de 500 euros. Temos medo de que seja preciso mais do que um par por ano, pois não temos como [comprar]. O que nos assusta é que podem ser precisos três ou quatro pares", antevê o pai do bebé, Pedro Barros, que é serralheiro e lembra que em casa "entra pouco mais do que o ordenado mínimo".
Além das pesquisas que vai fazendo na net, o casal, que tem mais dois filhos, de cinco e 10 anos, conta ter sido informado, no hospital, de que não há apoios para adquirir as botas, e que "têm de ser importadas do Reino Unido, porque não há em Portugal". Por isso, a família iniciou uma campanha de recolha de tampinhas e criou a página de Facebook "Vamos ajudar o bebé Mateus". E pediu a bonificação do abono para crianças com deficiência.
A Segurança Social explica que "o produto de apoio poderá ser financiado pelo Instituto da Segurança Social, desde que a criança tenha sido avaliada por um centro especializado, e tenha sido efetuada uma prescrição através do sistema de Base de Dados de Registo do SAPA [Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio], ou uma unidade hospitalar. A prescrição deverá ser de ortopedista ou fisiatra".
De acordo com a Segurança Social, entre "os produtos de apoio passíveis de financiamento no âmbito do SAPA", está "identificado o produto de apoio "calçado feito por medida", no qual se poderão incluir as "botas adaptadas", desde que sejam consideradas calçado feito por medida".