Trabalhadores da CaetanoBus, em Gaia, voltaram a protestar à porta da empresa, na tarde desta-quinta-feira, reivindicando aumentos salariais e valorização das carreiras.
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"A luta continua nas empresas e na rua", "Caetano Bus escuta, os trabalhadores estão em luta" e "É mesmo necessário o aumento do salário" foram algumas das palavras de ordem que se fizeram ouvir à porta da CaetanoBus, em Gaia, nesta quinta-feira à tarde, durante mais um protesto de trabalhadores.
A contestação juntou cerca de uma centena de funcionários da CaetanoBus em Gaia e dezenas junto à unidade de Ovar. No mês passado já tinha havido uma ação similar. "Estamos a reivindicar o mesmo que na outra greve, continuamos a querer um aumento salarial digno, justo, que não seja discriminatório e a valorização das carreiras. A empresa admitiu recentemente trabalhadores com salários superiores àqueles que já cá estão há mais de 10 anos, os salários são tão baixos que era impossível contratar alguém a receber tão pouco", declarou Miguel Ângelo, do SITE Norte.
Américo Pinto Costa, funcionário há 28 anos, assumiu que "se as pessoas que trabalham na CaetanoBus tivessem um ordenado digno conseguiam fazer um trabalho muito melhor, com mais motivação". "A empresa diz que não pode pagar mais porque está com prejuízo, mas se quer fabricar mais é preciso pagar melhor às pessoas e precisa de mão-de-obra qualificada", concluiu.
Ainda assim, as questões monetárias não são as únicas a serem reivindicadas. Ana Paula, que está na empresa há cinco anos, na estofagem, revelou que não é pelo salário que protesta, mas pelo facto de a empresa querer extinguir o seu posto de trabalho. "Vão extinguir e pôr-me a carpinteira. Não vão indemnizar-nos nem dar-nos oportunidade de escolher onde nos adaptamos melhor. Querem fazê-lo para dar a vaga a uma empresa de fora, que lhes vai gerar mais lucro", indicou a estofadora, que se sente desiludida. "Dói-me saber que vou ser obrigada a dar formação a quem me vai tirar daquilo que eu sei e gosto de fazer. E que depois vão mandar-me para uma área que não é a minha", acrescentou.
"Não sabemos se há diferenças salariais porque aqui dentro ninguém diz quanto é que ganha, mas há funções, dentro da pintura, em que nós não somos colocadas porque acham que nós não somos capazes, embora já tenhamos demonstrado muitas vezes que o conseguimos fazer", contou Iolanda Marques, acrescentando situações em que as mulheres são "discriminadas" ao rol de queixas. "Há trabalhos que nós sempre mostramos que queríamos aprender e crescer e não nos deixam ir para esses postos, sentimos perfeitamente que é por causa de sermos mulheres", assinalou Cátia Rocha, também da área da pintura.
O sindicalista Miguel Ângelo explicou que as greves dos trabalhadores já tiveram resultados: "A empresa deixou um comunicado a dizer que houve uma análise à estrutura e à classificação das categorias profissionais". No entanto, esclareceu que a luta não irá ficar por aqui.
O JN contactou a CaetanoBus, mas ainda não obteve resposta.