O ferryboat Santa Rita de Cássia, que deveria ter retomado a ligação entre Caminha e La Guardia (Galiza) no final de julho, continua parado, numa situação que está a preocupar os empresários locais.
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"Estamos muito preocupados (...). Até agora temos quebras brutais nas visitas de espanhóis. Estamos a falar de uma redução nas vendas, dependendo do setor de atividade, da ordem dos 50 a 60%", afirmou à Lusa o presidente do Movimento de Empresários de Caminha, Fernando Azevedo.
O ferryboat, que começou a cruzar o rio Minho em 1995, está parado desde abril para renovação do certificado de navegabilidade e para a realização de obras de extração de areias junto ao cais de Caminha. "
Deveria ter retomado as ligações fluviais no final de julho, tal como foi anunciado pela Câmara de Caminha.
"Continua parado. Vai passar o verão e o barco não vai funcionar. Temos aqui ao lado um mercado imenso e estamos a perdê-lo de dia para dia. Para chegarem a Caminha os espanhóis têm que ir a Vila Nova de Cerveira e voltar para trás", sustentou o responsável.
Fernando Azevedo, também ele empresário das áreas da cosmética e ourivesaria, afirmou que por causa da paragem do 'ferry' o concelho "recuou 40 anos" já que, para conseguir "segurar" a sua "excelente" carteira de clientes, teve que "disponibilizamos uma carrinha e um funcionário para levar os produtos a clientes que já compram [em Caminha] há mais de 20 anos".
O presidente da Câmara, contatado pela Lusa, adiantou que o atraso na conclusão da extração de inertes na zona de atracagem do ferryboat se fica a dever à "conjugação de vários fatores técnicos".
O socialista Miguel Alves admitiu que esta paragem prejudica o concelho e apontou o final deste mês como nova previsão para o início das carreiras diárias.
Sublinhou que uma das razões que explicam o atraso prende-se com o tipo de draga que está a ser utilizada, que "deveria ser mais pequena", por se tratar de "uma zona muito assoreada".
Depois, adiantou, pelo facto da quantidade de areia a extrair ser "muito superior à inicialmente calculada pelos técnicos".
"Já foram retirados cerca de 14 mil metros cúbicos como estava previsto e ainda temos trabalho pela frente".
Para o autarca a "falta de trabalhos de manutenção no canal verificada no passado formou uma verdadeira ilha de areia à boca do ferry".
A operação estimada em "milhares de euros" será assegurada "exclusivamente" pela Câmara de Caminha.
Miguel Alves disse que a autarquia está a pagar à empresa espanhola responsável pelos trabalhos cerca de 900 euros por dia. Já as obras de manutenção na embarcação custaram 20 mil euros.
Apesar de reconhecer que o concelho "perdeu alguma injeção de turistas" com a falta desta ligação afirmou "não acreditar nos números" avançados pelos empresários.
"Em 2013 tivemos 42 mil passageiros a utilizar o ferry. Nos meses de julho e agosto desse ano não tivemos mais de 20 mil. É preciso ter noção que este ano, desde junho, Caminha tem tido uma afluência impressionante de turistas", sustentou.
Caminha é único concelho do vale do Minho que depende do transporte fluvial para garantir a ligação regular à Galiza, enquanto os restantes quatro concelhos da região dispõem de pontes internacionais.