Locais de culto das paróquias de Santiago de Cassurrães e Póvoa de Cervães, em Mangualde, estão encerradas por tempo indeterminado.
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O padre que lidera a paróquia de Santiago de Cassurrães, no concelho de Mangualde, e que, em março, durante o estado de emergência, insistiu em celebrar a missa, está infetado com o novo coronavírus.
O resultado do teste foi conhecido esta quarta-feira, já depois do pároco ter participado num convívio de padres, no Porto. Celestino Ferreira encontra-se em confinamento e está a ser seguido pelas autoridades de saúde, junto das quais o JN não conseguiu obter mais esclarecimentos.
A Junta de Freguesia de Santiago de Cassurrães, tal como confirmou o presidente, Rui Valério, em sintonia com a Proteção Civil Municipal, encerrou, por tempo indeterminado, todas as igrejas e capelas da freguesia, dividida em duas paróquias. "São duas igrejas, a da paróquia de Santiago de Cassurrães e a de Póvoa de Cervães, e mais quatro capelas", explicou o autarca.
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"Não haverá missas, pelo menos durante os próximos 14 dias ou enquanto os espaços não forem desinfetados", assegurou Rui Valério. "Nos próximos dias, vamos estar atentos a todos os sinais e se alguém tiver sintomas deverá contactar logo as autoridades", acrescentou o autarca.
Segundo explicou, a delegada de saúde está a avaliar a situação e a monitorizar os casos de pessoas que nos últimos dias estiveram em contacto mais direto com o padre, que vive na Casa Paroquial de Santiago de Cassurrães.
Missas suspensas
No passado dia 22 de março, já quando o país estava em estado de emergência, por causa da covid-19, o pároco Celestino Ferreira insistiu em realizar missa, numa altura em que os atos religiosos com aglomeração de pessoas estavam proibidos e já depois da Conferência Episcopal Portuguesa ter suspendido a celebração comunitária de missas, catequese e outros atos de culto. Foi o próprio presidente da Junta de Freguesia que alertou a Proteção Civil Municipal, que por sua vez chamou a GNR.
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A freguesia de Santiago de Cassurrães tem sido a mais afetada em todo o concelho de Mangualde, nomeadamente no lar de São José, cujo diretor também é o padre Celestino Ferreira.
Naquela instituição 64 utentes e funcionários testaram positivo, tendo falecido dez idosos.
Pároco negou rezar missa por bebé de 13 dias
Em 2016, os pais de um bebé com 13 dias, que morreu de doença súbita, em Casal de Cima, acusaram o padre Celestino Ferreira de ter recusado celebrar a missa de corpo presente pela criança por não ser batizada, ainda que tenha recebido as palavras batismais no centro de saúde. Os pais, que foram buscar outro padre, disseram que o pároco de Santiago de Cassurrães não autorizou que o corpo de Martim fosse para a capela da aldeia, o que foi negado por Celestino Ferreira. Porém, o padre explicou que "uma criança batizada, ao morrer, vai para o céu e não precisa que rezem por ela. Se não foi batizada, a santa missa também não pode ajudá-la", acrescentou.