As sociedades precisam de um novo conceito de Estado Providência, refundado na ideia de segurança dos cidadãos, como forma de combater a violência e o terrorismo, defendeu hoje o vice-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizações Terroristas (OSCOT).
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António Rebelo de Sousa defendeu uma "nova perspetiva de Estado Providência" durante uma intervenção no painel de discussão 'Segurança e Cidadania' do encontro de reflexão comemorativo dos 50 anos da Comunidade Islâmica de Lisboa, que decorreu esta tarde na Mesquita de Lisboa.
"Importa adotar um novo conceito de segurança humana", defendeu António Rebelo de Sousa, dizendo que às habituais dimensões da segurança social, do acesso à educação e saúde ou segurança alimentar é preciso juntar, dando a mesma importância, a segurança física.
"De nada valeria dispor de educação e saúde se não houver segurança física dos cidadãos. Seguramente não haveria bem-estar dos cidadãos nesses países", defendeu, acrescentando que os Estados europeus não atribuem a importância necessária à segurança dos cidadãos e a matérias de Defesa.
António Rebelo de Sousa disse também que as organizações terroristas "são por natureza antidemocráticas" e que é aí que pode residir o seu fim.
O vice-presidente do OSCOT defendeu que numa organização onde não há debate de ideias ou pluralismo, e na qual o líder exerce um poder despótico, "decidindo tudo sozinho, de forma discricionária", todas as dúvidas que surjam internamente são encaradas como "rebeldia ou conspiração".
"Basta a ideia de uma dúvida para levar a uma luta interna", disse, acrescentando que é na sua natureza antidemocrática que reside a maior fraqueza das organizações terroristas, podendo ser destruídas a partir de dentro.
A Comunidade Islâmica de Lisboa celebra hoje e sábado 50 anos de existência, com a realização de um encontro, na Mesquita de Lisboa, no qual participa o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
No dia de hoje marcaram presença o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça, Augusto Santos Silva e Francisca Van Dunem, respetivamente, e três ex-chefes de Estado: Cavaco Silva, Jorge Sampaio e Ramalho Eanes.