Empresário angolano, com vários processos judiciais, está entre os acionistas do World Opportunity que comprou o Global Media Group e queria fazer um despedimento coletivo.
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Ainda que não saiba dizer que participação tem, o ex-banqueiro e empresário Álvaro Sobrinho é acionista do fundo de investimento World Opportunity, que em setembro de 2023 adquiriu o controlo do Global Media Group (GMG), então detentor de títulos como o JN, TSF, “O Jogo” e DN (este último ainda na esfera da empresa) e controlado pelo empresário Marco Galinha, que em 2022 prescindira da maioria do capital do grupo de comunicação social.
O empresário angolano admitiu ser acionista do misterioso World Opportunity Fund (WOF) numa entrevista à SIC e ao “Expresso” transmitida ontem, no “Jornal da noite”. Álvaro Sobrinho, que tem vários processos judiciais no país e é suspeito de ter desviado 340 milhões de euros do Banco Espírito Santo de Angola, explicou ter sido contactado por Luís Bernardo e José Paulo Fafe, que lhe terão perguntado se teria interesse em investir no GMG.
“Dei contactos”
Foi então que o empresário abriu aos dois consultores de comunicação as portas do fundo, que é gerido pela Union Capital Group (UCAP), uma gestora de fundos de capital de risco registada nas Bahamas e administrada por Clément Ducasse. “José Paulo Fafe perguntou se eu estava interessado no Global Media Group, e eu disse que não estava. Depois, perguntou se tinha investidores interessados no Global, e eu disse que conhecia alguns, e dei-lhe os contactos”, relatou o empresário angolano, que se sabe agora ser “o amigo” misterioso a que Fafe se referiu quando foi ouvido na Assembleia da República.
“Falei com Fafe e, mais tarde, apareceu Luís Bernardo”, contou o empresário angolano, referindo que depois foram “os dois falar” com ele, e “falaram sobre o GMG”.
Apesar de instado a revelar quem eram os acionistas do fundo que investiu no grupo, Fafe nunca o fez, o que levou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a retirar os direitos de voto ao WOF, forçando o fundo a vender a participação no GMG, que em setembro passado voltou a estar sob a alçada de Marco Galinha.
Ameaça de despedimentos
Álvaro Sobrinho admitiu ainda ter mantido em Cascais uma reunião com o empresário Marco Galinha, que abdicara do controlo do Global, e com “Luís Bernardo ou Paulo Fafe. Ou com os dois”.
A venda por sete milhões de euros de uma participação de 51% do GMG concretizou-se em setembro de 2023, altura em que José Paulo Fafe foi nomeado presidente-executivo do grupo, encabeçando um processo que visou o despedimento coletivo de 200 dos 500 trabalhadores do Global Media e levou a atrasos nos pagamentos dos salários.
Marco Galinha afirmou, contudo, que enquanto esteve naquele grupo de comunicação social “nunca teve qualquer relação profissional com Luís Bernardo”, o qual, de acordo com a investigação da SIC e do “Expresso”, “assumiu um papel determinante para Galinha vender o GMG ao fundo”.