- Isenção nos procedimentos que permita o recrutamento dos melhores, de modo claro e aberto, quer nos cargos públicos quer nos privados, porque só a competição através do mérito e da qualidade poderão ter efeito multiplicador de riqueza.
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As últimas semanas têm sido prolíferas neste tema. Como se a crise tivesse despertado a curiosidade por saber o que muitos pensam que "dever ser feito". Ou talvez pela percepção geral de que as crises podem constituir também oportunidades, não apenas problemas, se ao imporem cortes levarem à identificação mais clara de objectivos e prioridades, focalizando no que realmente importa.
Uma época de crise tem de ser aproveitada para a análise, a avaliação e a tomada de decisões criativas e corajosas. Pois aqui ficam algumas das "minhas ideias" e exemplos pontuais que ajudem a clarificação:
- Rigor na análise das nossas capacidades e recursos como pequeno país europeu; no que sabemos produzir de qualidade, quer seja na ciência, na cultura, nos serviços, na agricultura ou na indústria. A aposta terá de ser naquilo em que somos bons e em que podemos ser únicos, atendendo à localização e às características da nossa cultura e do território. Um pequeno país não conseguirá vender quantidade, mas nada o impede de vender qualidade.
- Exigência na educação, porque essa é uma aposta inevitável. Mas a exigência terá de ser extensiva à qualidade e operacionalidade das infra-estruturas, à formação e prestação dos agentes, a adequação e ambição dos programas, nos vários níveis de ensino - o que implica também avaliação.
- Civismo, pela consciência clara de que os bens públicos são colectivos e merecem, por isso, uma utilização apropriada, quer se trate de um serviço de saúde ou de um espaço partilhado. O excesso de uns irá traduzir-se na falta para outros, dado que os recursos são necessariamente finitos.
- Honestidade no uso dos recursos, para os optimizar. Há que questionar o recurso generalizado a assessores, carros e motoristas, comitivas e recepções, a todos os níveis do "Poder". A missão é para com o público, não em serviço próprio ou de próximos.
- Profissionalismo no desempenho, independentemente da tarefa, para que a actividade resulte em pleno e o retorno seja máximo.
- Abertura à diversidade e à opinião, para estimular a criatividade e a construção de novas oportunidades.
- Transparência e frontalidade na abordagem das questões e na comunicação das decisões, porque em tempos difíceis a confianca é (ainda) mais fundamental.
- Criatividade na procura de soluções inovadoras que possam vingar em épocas de recursos limitados e num tempo que impõe descobrir respostas adequadas aos grandes desafios - globalização de informação e mercado, e aumento de longevidade.
- Discernimento na abordagem de questões fundamentais, por exemplo a igualdade de oportunidades para homens e mulheres (e aqui a ordem é puramente alfabética...), que permitirá ultrapassar preconceitos e barreiras, explícitos ou não, mas bem reais e limitadoras, na sociedade portuguesa.
E, para concluir, não resisto à provocação: a nomeação de mulheres competentes para cargos de poder, sem preconceitos ou quotas, seria um passo para o bom senso e equilíbrio nas decisões, tão essencial à solução de uma crise. Aqui, não falo apenas de "ideias", mas dos resultados em alguns dos países que mais aprecio na Europa.