O Bloco de Esquerda perguntou esta quinta-feira ao ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, se houve algum contacto, "ainda que informal", ao jornalista Mário Crespo para desempenhar funções na RTP.
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"Confirma a existência de algum contacto ou sondagem, ainda que informal, por parte de algum membro do Governo, ou por sua indicação, com algum jornalista, com vista a dirigir-lhe um convite para desempenhar funções na RTP?", questionou o deputado João Semedo, numa pergunta escrita entregue hoje na Assembleia da República.
"A confirmar-se, tal convite garantiria um grave passo no sentido da governamentalização do canal público de televisão, cujo funcionamento deve ser pautado pela independência e viria contrariar as recentes afirmações do próprio ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, sobre a necessidade de "desgovernamentalização" da RTP.
Na pergunta escrita, entregue esta quinta-feira no Parlamento, o deputado bloquista frisou que, caso seja verdade, o convite "constituiria uma violação do regulamento interno do canal público de televisão" que atribui à direcção de informação a competência para a designação de correspondentes, com "posterior aval da administração".
Numa reacção a notícias que referem que o ministro Miguel Relvas teria convidado Mário Crespo para o lugar de correspondente da RTP em Washington, a administração da RTP assegurou esta quinta-feira que "não houve qualquer tentativa de impor qualquer nome para a delegação da RTP nos EUA".
O jornal Expresso noticiou na quarta-feira à noite que o jornalista da SIC Mário Crespo foi sondado pelo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, para saber da sua disponibilidade para aceitar o cargo de correspondente da RTP em Washington.
Acrescentava o jornal que a situação está a gerar algum mal estar na administração da estação pública, que só soube desta intenção do ministro com a tutela da comunicação social após os primeiros contactos informais entre o governante e o jornalista.