Com três anos de existência a Big Moon Studios, sediada em Vila Nova de Gaia, propõe-se revolucionar o panorama da animação lusa vocacionada para os catraios. Uma das suas séries está prestes a arrancar na RTP2, mas o objectivo maior é atrever-se no mercado exterior.
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Era uma vez um negócio que, num primeiro momento, se dedicava ao universo dos videojogos. Entretanto, e mantendo o seu "target" preferencial, os mais novos, alargou horizontes, expandindo-se para os desenhos animados.
São portugueses, concerteza, nortenhos, e provenientes da máquina criativa oleada por Paulo Gomes, proprietário da Big Moon Studios, e respectiva equipa.
"Gizar histórias inovadoras de puro entretenimento", foi o mote que estendeu o tapete à precursora série, de seu nome "Tic Tac Tales", carimbada pela empresa de Gaia.
E certo é que num curto espaço de tempo foi acordado com o segundo canal que a mesma conste da oferta infantil daquela antena para este Outono.
Memórias de criança
"Tic tac, tic tac". Esta sonoridade dá pistas acerca do universo que povoa este conteúdo para crianças, com 39 episódios de 7 minutos cada e cujo arranque no ecrã está previsto para Novembro. Pois, é mesmo a relógios que se reporta. Ou melhor, é a partir de uma relojoaria que se lançam as cartas para que o baralho do imaginário se encarregue do resto.
"A ideia partiu das minhas memórias de criança", adianta Paulo Gomes. "Passava regularmente numa loja, na antiga Rua das Flores, e havia algo de mágico naqueles cucos. Os relógios são realmente peças que ainda hoje me fascinam", prossegue.
E eis que "Tic Tac Tales", cuja escolha do título em inglês não foi inócua, uma vez que a pretensão é vender a série para o mercado exterior, nasceu destas reminiscências.
Ao jeito dos "Marretas"
"Cada capítulo começa com o mestre relojoeiro 'Elias' a criar um desenho animado que será então a personagem da história que salta para um mundo à parte", elucida o responsável, acrescentando que 18 bonecos são fixos, e estereotipados, mudando apenas o papel que vestem. "Tanto podem ser piratas num dia, como astronautas no outro, tipo 'Marretas'".
Além disso, "temos só dois actores humanos, de resto os protagonistas são animados", dando o exemplo de "Roger Rabbit" para ilustrar.
A banda sonora foi construída em exclusivo para a série, sendo que as personagens, boas e más, "cantam do 'rap' ao 'hard rock'", refere Paulo. "Há sempre um conflito e respectiva resolução na história. No fundo, rescrevemos clássicos dos contos de fadas".
"Pikaboo" e "D Team" são os novos projectos, já em marcha, da chancela Big Moon Studios. Se o primeiro se dirige à idade pré-escolar, e como tal tem um carácter pedagógico mais acentuado, o segundo está orientado para um público infanto-juvenil.
Os intentos de Paulo Gomes quanto a estes produtos "chave na mão" não podiam ser mais transparentes: a sua internacionalização.
O responsável esteve em Outubro no MipCom, em Cannes, para reunir com responsáveis de diversos canais estrangeiros por forma a negociar a venda das séries.
As traduções estão já a ser preparadas. Tem ainda na calha uma vasta campanha de "merchandising" dos bonecos animados que passa por videojogos, pela conversão em livros e brinquedos.