Bloco requer audição de jornalistas sobre alegados impedimentos no exercício da profissão na Madeira
O Bloco de Esquerda requereu, esta quarta-feira, à Comissão Parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação da Assembleia da República a audição de vários jornalistas sobre alegados impedimentos no exercício da profissão na Madeira.
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No requerimento, o BE pede a audição do director e de cinco jornalistas do "Diário de Notícias da Madeira" e de uma jornalista do "Público", justificando a iniciativa com a existência de "ocorrências anormais do ponto de vista do livre exercício da profissão e do direito ao acesso às fontes que está consagrado".
"São acontecimentos anómalos que surgem relatados na imprensa regional e nacional e que o Bloco de Esquerda considera que devem ser devidamente esclarecidos e clarificados", sustenta o partido no requerimento dirigido ao presidente da comissão, o deputado Mendes Bota.
No documento, o BE aponta várias situações, a última das quais ocorrida na segunda-feira, quando "o presidente do Governo Regional da Madeira recusou-se a falar à comunicação social e ameaçou expulsar da sacristia" a jornalista do matutino madeirense Marta Caires que estava a acompanhar a festa de Nossa Senhora do Monte, no concelho do Funchal.
"Nesta ocasião, o presidente do Governo Regional terá proferido publicamente acusações à jornalista, ameaçando-a de expulsão do local, por, alegadamente 'ser comunista', situação que foi presenciada por outros repórteres, vereadores da CM [Câmara Municipal] do Funchal, membros do Governo e até o bispo do Funchal", sustentam os bloquistas.
Um outro caso relatado pelo BE diz respeito ao presidente da Câmara Municipal de São Vicente que, "na semana passada, tentou que a jornalista do Público, Ana Cristina Pereira, anulasse o convite feito ao director do Diário de Notícias da Madeira para apresentar, no final deste mês e naquela autarquia, o livro 'Viagens Brancas'".
"O convite ao jornalista foi feito em Dezembro passado e só no final de julho autarquia solicitou que fosse alterado o convidado, sem apresentar qualquer explicação para o facto", explica o BE, acrescentando que "a recusa da autarquia teve como consequência a transferência da apresentação para outro local".
No requerimento, o BE refere ainda agressões físicas e verbais a jornalistas, pedindo que os profissionais esclareçam os deputados sobre as condições de exercício da liberdade de imprensa na Madeira.