O presidente executivo da Global Media, José Paulo Fafe, manifestou, esta terça-feira, no início da sua audição parlamentar, a "angústia" que vive desde final de dezembro por não conseguir processar salários aos seus trabalhadores.
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José Paulo Fafe falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, numa audição no âmbito do requerimento do Bloco Esquerda (BE) sobre a situação na Global Media Group (GMG).
Aqueles que me conhecem "sabem a angústia que eu vivo desde o final do mês passado, eu e a Comissão Executiva" pela impossibilidade de processar o pagamento dos salários de dezembro, sendo que antes não tinha havido o pagamento do subsídio de Natal, salientou, numa "declaração prévia", numa "nota muito pessoal".
"Esta Comissão Executiva que eu presido, com Filipe Nascimento, Paulo Lima de Carvalho e Marco Galinha" iniciou funções há cerca de três e meio e "raro é o dia" em que "não somos surpreendidos por factos" da forma "leviana e pouco transparente, para não classificar de outra maneira, como este grupo foi gerido longos dos últimos anos", acrescentou.
Os trabalhadores da Global Media, com exceção dos que trabalham nos Açores, ainda não receberam os vencimentos de dezembro - e têm convocado para quarta-feira, 10 de janeiro, uma greve, o mesmo dia em que termina o prazo para aderir ao programa de rescisões que prevê uma redução entre 150 a 200 pessoas.
Admite despedimento coletivo se rescisões não atingirem meta
O presidente executivo da Global Media admitiu que, se o grupo não conseguir atingir o número que pretende de rescisões, possivelmente será obrigado a efetuar um despedimento coletivo.
Em 21 de setembro, o World Opportunity Fund (WOF) adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária direta da Global Media, ficando com 25,628% de participação social e dos direitos de voto na Global Media.
Durante a audição, José Paulo Fafe disse não saber porque foi escolhido pelo fundo WOF - "o melhor é perguntar" à sociedade gestora, referiu.
Garantiu que a sua missão na GMG não é fazer despedimentos coletivos, aliás, é "a última coisa" que pretende fazer.
Mas "possivelmente vamos ser obrigados ao despedimento coletivo" se não se atingir "o número que queremos" em rescisões, acrescentou.
"Deviam ter chamado" Proença de Carvalho
O presidente executivo da Global Media disse aos deputados que deviam ter chamado Daniel "Proença de Carvalho" à comissão parlamentar, já que este presidiu o grupo até 2020. "Deviam ter chamado uma pessoa", disse, acrescentando "o doutor Proença de Carvalho", porque foi na altura em foi vendida a sede do "Diário de Notícias" e "Jornal de Notícias". "Foi nessa gestão que o produto dessas vendas, esse dinheiro, não foi investido em reestruturação ou pagamento de dívidas, foi torrado", insistiu o gestor.
Em 20 de agosto de 2020 foi tornado público que Daniel Proença de Carvalho estava de saída da presidência da Global Media, na sequência do fim do seu mandato. "Descobri uma sala com um milhão de euros de equipamentos em vídeo", apontou José Paulo Fafe.
No "consulado do doutor Proença de Carvalho" havia um "CEO que ganhava 500 mil euros por ano, aí houve uma gestão muito pouco transparente, para não dizer danosa", salientou, sublinhando que não estava a atribuir responsabilidade ao antigo presidente do grupo