A História mostra que as crises marcam, muitas vezes, o início de um novo capítulo no desenvolvimento dos países. Mas é preciso que encaremos os problemas com realismo e coragem, assumindo a responsabilidade individual e colectiva e sem temer o futuro.
Corpo do artigo
A situação que Portugal atravessa deveria ser aproveitada para reflectirmos sobre a nossa dependência excessiva do Estado que, ao longo de décadas, nos deixou, de certa forma, fechados a novos desafios e ao empreendedorismo. Este é o momento para trilhar caminhos mais criativos e menos dependentes do poder estatal e só o conseguiremos fazer reinventando. Julgo que é chegada a hora de vivermos em pleno a liberdade que a democracia nos trouxe, de usar todas as nossas capacidades individuais que estiveram demasiado "protegidas" pelo Estado nos últimos anos. Acreditar e lutar pelas soluções, em lugar de fazer parte do problema, é sempre a melhor forma de transformar o que nos rodeia.
Estou confiante nas novas gerações, na sua ousadia e na sua preparação, mas também nas novas ideias e na abordagem diferente dos problemas. Os milhares de portugueses que estão fora do país, sempre atentos ao que aqui se passa, também podem ajudar-nos a mudar.
A Fundação Calouste Gulbenkian, em conjunto com a Fundação Talento, lançou este ano um concurso intitulado FAZ - Ideias de origem portuguesa, destinado a recolher boas ideias da diáspora portuguesa. Foram muitos os projectos apresentados que demonstram a vontade de intervir e de participar ; a melhor ideia será aplicada com o nosso apoio. Esta é também uma das missões das fundações que confiam no desenvolvimento do país, uma das tarefas da chamada sociedade civil constituída por cidadãos interessados em contribuir para a mudança.
Se acreditarmos nas nossas capacidades, se estudarmos os assuntos em vez de dar (e acreditar em) palpites, se trabalharmos mais, poderemos reencontrar o rumo e a dignidade que a nós próprios devemos exigir.