O detective evolvido nas escutas telefónicas feitas a serviço do jornal britânico News of the World manifestou esta sexta-feira o seu arrependimento mas afirmou que o fez "sob instruções de outros".
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Num comunicado emitido pelos seus advogados, Glenn Mulcaire reiterou o "sincero arrependimento aos que foram magoados e afectados pelas suas actividades e repete as desculpas mais sinceras".
Mulcaire confirma que foi funcionário do News of the World a partir de 2002 para "desempenhar o seu papel de detective privado".
Em 2007 foi condenado, juntamente com um jornalista do tablóide, por interceptar de chamadas de telefones de empregados da família real.
"Como empregado, ele agiu sob instruções de outros", vincam os seus advogados.
O esclarecimento foi feito um dia depois de revelado que a polícia contactou Sara Payne, mãe de uma criança de oito anos morta por um pedófilo, para a informar de que poderá ter sido vítima de escutas.
Payne escreveu na última edição do News of the World, a 10 de Julho, que considerava o jornal "uma força do bem" pela campanha para que fosse disponibilizada informação sobre a morada de pedófilos com registo criminal.
Citada pela imprensa britânica, uma amiga de Sara Payne disse que esta está "completamente destroçada".
Também esta sexta-feira, a presidente da Comissão de Queixas sobre a Imprensa [Press Complaints Comission], organismo regulador, anunciou que não se iria recandidatar ao cargo.
Peta Buscombe foi criticada por ter relativizado, em 2009, as suspeitas levantadas sobre o uso mais generalizado de escutas telefónicas no News of the World.
Entretanto, o presidente da comissão parlamentar que interrogou Rupert e James Murdoch disse esta sexta-feira que é "muito provável" que seja pedido ao último para prestar declarações novamente.
James Murdoch, responsável da News Corporation pelos negócios no Reino Unido, afirmou que só teve conhecimento mais tarde de um e-mail que mostraria que as escutas telefónicas não se limitavam apenas a um jornalista mas que eram uma prática generalizada na redacção.
Colin Myer, um antigo diretor do jornal, e Tom Crone, ex-director do departamento jurídico, desmentiram-no dias depois, alegando que "as memórias de James Murdoch (...) estão erradas".