Jornal está à venda há quase dois anos devido a incumprimentos bancários.
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A novela da venda do “Daily Telegraph”, um dos mais prestigiados jornais ingleses, ganha contornos inesperados com a entrada em cena de Todd Boehly, o magnata americano proprietário do Chelsea. Em parceria com o veterano patrão de imprensa David Montgomery, Boehly tenciona apresentar uma oferta que promete agitar o panorama mediático britânico.
A estratégia delineada envolve a Eldridge Media Holdings (EMH), de Boehly, a adquirir a “National World”, detentora de títulos como o “Yorkshire Post” e o “Scotsman”, para, posteriormente, avançar para a compra do “Telegraph”. A notícia, divulgada pelo “The Guardian”, gerou ondas de preocupação entre os funcionários do “Telegraph”, que veem em Montgomery um gestor focado em cortes de custos. “Se Montgomery puser as mãos no ‘Telegraph’, é o fim para nós”, confessou uma fonte interna, expressando receio pelo futuro do jornal.
O “Daily Telegraph” está à venda há quase dois anos, quando deixou de conseguir cumprir o plano de pagamentos ao Banco of Scotland, consequência da crise que afeta a imprensa em todo o mundo. O interesse de Boehly surge num momento de incerteza para o “Telegraph”, cuja venda tem sido marcada por reviravoltas. A RedBird IMI, financiada pelo saudita sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, havia adquirido o grupo em 2023 por 600 milhões de libras (716,8 milhões de euros), mas foi forçada a recuar devido à legislação britânica que impede a propriedade de ativos jornalísticos por estados estrangeiros ou indivíduos associados.
A tentativa de Dovid Efune, proprietário do “New York Sun”, de concretizar a compra por 550 milhões de libras (657 milhões de euros), falhou devido à dificuldade em angariar o financiamento necessário. Paralelamente, Maurice Saatchi, magnata da publicidade, apresentou uma oferta de 350 milhões de libras (418 milhões de euros), também sem sucesso. Outros nomes foram associados ao interesse no “Telegraph”, incluindo o “Daily Mail and General Trust” e Paul Marshall, fundador de um fundo e apoiante da “GB News”.
A “National World”, que já havia participado no leilão do “Telegraph”, confirmou ter recebido uma abordagem da EMH para uma possível oferta de compra da empresa. “O conselho de administração da ‘National World’ considerará os termos de qualquer proposta apresentada pela EMH que possa oferecer um valor superior aos acionistas”, declarou a empresa em comunicado.
A reação do mercado foi imediata, com as ações da “National World” a subirem 7%, elevando o valor da empresa para 62 milhões de libras (74 milhões de euros). As conversações entre Boehly e Montgomery exploram uma potencial fusão entre a “National World” e o “Telegraph”, com o apoio de outros investidores.