Investidores do Porto, Matosinhos e Braga adquirem o semanário. Paulo Jorge Teixeira, rosto do grupo, justifica aposta por um “jornalismo livre e independente”.
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O semanário Tal & Qual, que é publicado à quarta-feira, foi comprado por um grupo de investidores do Porto, Matosinhos, Braga e Lisboa. Ao JN, Paulo Jorge Teixeira, o rosto do grupo, adianta que o negócio está fechado e que esta sexta-feira deve ficar formalizado.
"Vamos manter a linha editorial, por um jornalismo livre e independente. De investigação", afirma Paulo Jorge Teixeira, que é membro da Assembleia Municipal do Porto, eleito pelo movimento de Rui Moreira, mas assinala que a aquisição "não tem motivações políticas".
Os investidores fizeram negócio com a empresa "Parem as Máquinas", que era proprietária do Tal & Qual. Compraram as quotas dos acionistas e contam ter tudo oficializado esta sexta-feira. A empresa "Enredo Aleatório", já detida por elementos do grupo, pode ser o veículo utilizado para ultimar formalmente a transferência.
O porta-voz, de 58 anos e que está ligado à Cooperativa do Povo Portuense que tem em mãos um projeto imobiliário, entre outros, justifica o investimento, que não quantificou, como uma maneira de "preservar os jornais em papel" e que "não podem acabar" num sistema democrático, como é o caso de Portugal.
"Consolidar e crescer"
Diz, aliás, que, ao contrário do que muitos antecipam, "o fim dos jornais em papel não irá acontecer". Paulo Jorge Teixeira faz a sua parte e refere ser um "comprador diário dos jornais em banca".
Ainda acerca da entrada no mundo dos media, adianta que o "negócio" surgiu como uma "oportunidade que pareceu interessante". Apesar do grupo ter investidores do Norte do país, refere que a sede do semanário continuará a ser em Lisboa e que a direção do jornal foi confiada a Manuel Catarino.
Nos planos dos novos donos está a criação de uma delegação no Porto e a dinamização da vertente digital, o que poderá ser acelerado a partir do último trimestre deste ano. "Queremos consolidar e crescer", dá conta.
Além de Paulo Jorge Teixeira, o empresário portuense Henrique Manuel Ferreira Andrade é outro dos envolvidos na compra.
Estrutura foi mudando
José Paulo Fafe, que foi administrador do grupo Global Media (do qual ainda faz parte o "Jornal de Notícias") entre setembro de 2023 e janeiro de 2024, esteve ligado ao Tal & Qual. Foi administrador da "Parem as Máquinas" até maio de 2023, após ter relançado o semanário em junho de 2021. "Este ciclo chegou ao fim, devemos saber sair na altura certa", afirmou numa mensagem deixada no WhatsApp ao terminar o vínculo em 2023 e que foi replicada pelo jornal "Eco".
Ao JN, Paulo Jorge Teixeira confirmou que José Paulo Fafe não faz parte dos acionistas com que agora fizeram negócio. O Tal & Qual, no seu estilo tabloide e apelativo pelas capas, foi fundado em 1980 por Joaquim Letria. Entre outros, contou com Mário Zambujal na sua direção.