O "efeito Obama" fez os EUA subirem do 40.º para o 20.º lugar na lista dos países mais respeitadores da liberdade de imprensa, indica o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras.
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Nos Estados Unidos, segundo a organização RSF, "a chegada do novo Presidente Barack Obama e a sua atitude menos belicosa que a do seu antecessor em relação à imprensa contribuiu muito" para que o país passasse do 40.º para o 20.º lugar na lista dos países que mais respeitam a liberdade de imprensa.
Mas o relatório adverte que esse efeito "não basta para nos tranquilizar" e que, embora Obama tenha sido distinguido com o Nobel da Paz, "o país continua envolvido em duas guerras" e "a atitude dos Estados Unidos para com os meios de comunicação no Iraque e no Afeganistão é preocupante".
Europa retrocedeu
A RSF destaca que a Europa, "há muito exemplar em matéria de respeito da liberdade de imprensa", retrocedeu, contando este ano com "15 dos 20 países" europeus nos 20 primeiros lugares da tabela, contra 18 no ano anterior.
"É preocupante constatar que democracias europeias como a França (43.ª), a Itália (49.ª) ou a Eslováquia (44.ª) continuam, ano após ano, a perder lugares na classificação", comentou Jean-Fraçois Julliard, secretário-geral da RSF.
"Como é que podemos denunciar as violações cometidas no mundo se não somos irrepreensíveis no nosso próprio território?", questionou.
Jornalistas "ameaçados fisicamente" em Espanha
Portugal baixou de 16.º para 30.º, classificação partilhada com o Mali e a Costa Rica. Espanha, referida como um dos países onde os jornalistas "ainda se vêem ameaçados fisicamente", desceu do 39.º para o 44.º lugar.
As más classificações de vários países europeus são atribuídas pela organização a novas legislações que "questionam o trabalho dos jornalistas a longo prazo" e que permitiram, por outro lado, que "jovens democracias" como o Gana, Trindade e Tobago e Costa Rica estejam em 2009 entre os 30 melhores.
"O trio infernal"
Pelo terceiro ano consecutivo, o Turquemenistão, a Coreia do Norte e a Eritreia são os países pior colocados, respectivamente na 173.ª, 174.ª e 175.ª posições. A RSF chama-lhes "o trio infernal".
O Irão, onde 2009 ficou marcado pela limitação da actividade dos 'media' na cobertura dos protestos pós-eleitorais, desceu da 166.ª posição para a 172.ª, o que leva a RSF a afirmar que o país "está às portas do trio infernal".
Os três países mais bem colocados são a Dinamarca, a Finlândia e a Irlanda.
Uma das mudanças mais negativas registada este ano pela RSF é Israel, que baixou 40 lugares em relação a 2008, perdendo o estatuto de "número um" do Médio Oriente e situando-se agora na 93.ª posição. A razão é a "camada de chumbo" que acompanhou a ofensiva militar na Faixa de Gaza e que se traduziu na censura militar a todos os meios de comunicação.
A classificação divulgada pela organização RSF diz respeito ao período entre 01 de Setembro de 2008 e 01 de Setembro de 2009.