O ex-editor da TVI Paulo Simão acusou hoje, sexta-feira, José Eduardo Moniz de lhe ter exigido que "alinhasse" o seu jornal da tarde pelo jornal de sexta-feira, de Manuela Moura Guedes, ordem que o levou a sair da estação.
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"No dia 14 de Novembro de 2008 o então director-geral da TVI disse-me: 'O Jornal Nacional de sexta-feira lança os temas e vocês têm que os seguir'", recordou esta sexta-feira, Paulo Simão, 38 anos, ex-editor do Jornal da Tarde da TVI e de outros telejornais, nomeadamente os de fim-de-semana.
"Pediram-me para alinhar o jornal que editava com o Jornal de sexta-feira, com o qual não concordava, porque envergonha o jornalismo. Reflecti e tentei perceber se conseguia continuar a exercer a minha função editorial com liberdade – mas aquilo era demais e ainda não era o jornal das grandes polémicas em que se tornou mais tarde", disse Paulo Simão.
O ex-jornalista, com 14 anos alternados na TVI, abandonou a estação no dia 09 de Janeiro deste ano e, actualmente, encontra-se a trabalhar como director de comunicação de uma empresa privada.
"Eu acho que ser subserviente ao poder é tão grave quanto lançar uma campanha", disse Paulo Simão, que deixou palavras críticas para os jornalistas que "dizem que não se identificam com o Jornal da Sexta mas que admitem que este exista".
Acrescenta, no entanto, que aqueles jornalistas não enfrentam aquilo que ele teve que enfrentar: "Ou ficava e participava ou vinha embora", disse.
O ex-jornalista disse querer distinguir o Jornal de Sexta da redacção da TVI - "que tem pessoas sérias, isentas e rigorosas", sublinha - e acusou Manuela Moura Guedes de "sequestrar a liberdade de expressão" na estação.
"Porque estive tanto tempo calado? Essas pessoas quase que sequestraram a liberdade de expressão como uma bandeira delas quando, na prática, não se viu nada disso". E remata: "Estou a falar de uma pessoa como a Manuela Moura Guedes. Acho lamentável que ela se esconda atrás da redacção, a mesma redacção que ela insultou dez, vinte vezes".
“A única liberdade de expressão que lhe interessa defender é a dele”
O ex-editor da TVI Paulo Simão, que hoje acusou José Eduardo Moniz, voltou a criticar o antigo director-geral da estação, acusando-o de só defender a liberdade de expressão para ele.
"Registo, sem surpresa, que a única liberdade de expressão que lhe interessa defender é a dele porque quando os outros exercem a liberdade de expressão, para ele são imbecilidades", disse Simão, respondendo a Moniz.
Hoje, o ex-jornalista acusou Moniz de, em Novembro de 2008, o ter obrigado a alinhar o Jornal da Tarde da TVI, que editava, pelo Jornal de Sexta, de Manuela Moura Guedes, o que o levou a demitir-se da estação, em Janeiro.
Em resposta, o agora homem forte da Ongoing, disse apenas não comentar "imbecilidades".
"Não desmentiu nada. Há estilos que não mudam mas que já não vão a lugar nenhum", retorquiu, em declarações à agência Lusa, Paulo Simão.</p>