O CEO do Global Media Group (GMG), José Paulo Fafe, informou esta quinta-feira a Assembleia da República da sua mudança de decisão: depois de ter dito que não iria ser ouvido na Comissão de Cultura por considerar tratar-se de "iniciativas de caráter eleitoral", mostrou-se disponível para responder aos deputados.
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Numa comunicação eletrónica enviada esta tarde aos serviços da comissão, e já após a audição de alguns dos diretores demissionários do grupo e do antigo diretor da TSF, Domingos de Andrade, o CEO do GMG informou o Parlamento da intenção de comparecer na comissão na próxima semana, após ter começado por declinar o convite, formulado pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda e aprovado por unanimidade.
"Ainda que no meu entender permaneçam válidos os motivos que há dias me levaram a declinar o vosso convite-convocatória para estar presente na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto a fim de participar numa audição sobre o Global Media Group, o facto de ter tomado conhecimento de uma série de afirmações produzidas no âmbito das várias audições levadas a cabo sobre o tema leva-me a rever essa minha posição, estando assim disponível para, no decurso da próxima semana, ser ouvido por essa Comissão - aguardando assim o agendamento da data mais conveniente para V. Exas", lê-se na resposta a que o JN teve acesso. A audição foi entretanto agendada para terça-feira dia 9, às 17 horas, sendo que para o mesmo dia, mas de manhã, às 10 horas, está agendada a audição do ex-presidente da Comissão Executiva do Global Media Group e atual accionista, Marco Galinha.
Anteriormente, em resposta ao convite que lhe tinha sido feito pelo Parlamento, José Paulo Fafe tinha rejeitado participar nessa audição, que chegou a ter data e hora agendada, para 4 de janeiro.
"Em resposta ao pedido de audição dessa Comissão, na sequência do requerimento apresentado pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, venho por este meio, a título pessoal, comunicar a minha indisponibilidade em comparecer nessa Comissão, dado não pretender, nem ser de todo minha intenção, em participar em iniciativas de caráter eleitoral", escreveu, na primeira informação enviada ao Parlamento, rejeitando a audição.
ERC à espera de dados
No passado dia 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".
Entretanto, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) garantiu que não vai hesitar em tomar novas diligências se subsistirem dúvidas sobre a titularidade do capital do fundo que detém a Global Media, a quem solicitou informações adicionais.
O programa de rescisões no GMG, que detém a TSF, "Diário de Notícias" (DN) e "Jornal de Notícias" (JN), entre outros, foi prolongado até 10 de janeiro.
Acionistas e comissão executiva têm trocado acusações e ameaças, enquanto há trabalhadores que estão sem receber o salário de dezembro e o subsídio de Natal.