Decano do jornalismo angolano, Luís Alberto Ferreira destacou-se pelo rigor e paixão ao longo da carreira no Jornal de Notícias e na RTP. Faleceu esta terça-feira, aos 92 anos, na sequência de uma pneumonia. O velório realiza-se esta sexta-feira, no Centro Funerário de Alcabideche.
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Luís Alberto Ferreira nasceu em Luanda, em 1933, e tornou-se uma referência no jornalismo de língua portuguesa. Fez carreira nas redações do Jornal de Notícias, Mundo Desportivo e RTP, onde contribuiu para a criação da delegação na Guiné-Bissau, país onde viveu vários anos.
Considerado o decano do jornalismo angolano, acompanhou momentos decisivos da história do país, desde a guerra colonial à independência. Em Portugal, começou no Mundo Desportivo e viveu vários anos no Porto, onde integrou a equipa do Jornal de Notícias antes do 25 de Abril, mantendo uma ligação especial à cidade.
Formado em Madrid, colaborou com o diário desportivo Marca e passou ainda uma temporada no México, onde privou com descendentes de Emiliano Zapata. Luís Alberto Ferreira escreveu biografias do líder da revolução mexicana e ainda do presidente guineense Nino Vieira que nunca foram publicadas. A sobrinha, Irene Bernardo, acredita que o perfecionismo levou-o a não avançar. Assim, admite que agora essa possa ser a sua missão. Recorda ainda que o tio continuou ativo até quase ao último sopro, assinando o seu último artigo de opinião a 29 de junho.
Apaixonado pela escrita, política, história e futebol, era adepto do Clube Atlético de Luanda, que descrevia como uma escola de solidariedade e persistência. Via no futebol um espaço de resistência e convivência.
Após uma queda em casa, há duas semanas, foi diagnosticado com uma pneumonia que evoluiu rapidamente para bilateral, e à qual não resistiu. Manteve-se lúcido até ao fim, mesmo sem conseguir falar, falecendo, esta terça-feira, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
O velório realiza-se esta sexta-feira, 1 de agosto, a partir das 10 horas, no Centro Funerário de Alcabideche, em Cascais. O funeral está marcado para as 14 horas do mesmo dia.