
Porto Canal sofre mudanças profundas a partir de janeiro
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Direção regional comunista manifesta preocupação com a decisão da ERC que permite a mudança para canal temático desportivo ligado ao F.C. Porto. Partido fala em enfraquecimento da autonomia regional, perda de pluralismo e solidariza-se com os trabalhadores.
A Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP criticou o fim do Porto Canal enquanto televisão generalista de âmbito regional, considerando que a alteração da sua licença representa um prejuízo para o Norte e para as suas populações. Em comunicado enviado às redações, os comunistas afirmam que esta mudança "enfraquece a região e prejudica as suas populações".
A reação surge após o parecer favorável da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC)ao pedido apresentado pelos proprietários da estação, que passa a emitir como canal temático especializado em desporto, "focado no universo do F. C. do Porto". Para o PCP, a decisão incide sobre um canal que, "desde que começou a emitir há quase 20 anos", se caracterizou "pelo seu pendor regional, com foco no Norte do País".
Segundo a estrutura regional comunista, o Porto Canal tinha "na sua grelha inúmeros programas centrados na região, nos seus problemas e anseios, na sua cultura e tradições, nos seus feitos e realizações", desempenhando um papel distintivo no panorama mediático nacional.
O partido destaca ainda a dimensão formativa do projeto, sublinhando que o Porto Canal "foi uma escola de jornalismo", permitindo potenciar jovens oriundos "dos diversos cursos de jornalismo existentes na região", bem como de formações na área audiovisual. O comunicado acrescenta que o canal deu protagonismo a especialistas "oriundos das diversas Universidades e Politécnicos da Região" que, "apesar do seu nível de conhecimento e de capacidade de comunicação", não são habitualmente convidados para os restantes canais generalistas.
Comunistas alertam para impacto no pluralismo informativo do Norte
Para a DORP do PCP, o desaparecimento do Porto Canal enquanto televisão regional generalista constitui um "objetivo enfraquecimento da Região Norte", que passa a ficar privada "do seu único canal generalista". O partido considera que esta realidade assume "ainda mais gravidade" por surgir após o desaparecimento dos jornais O Comércio do Porto e O Primeiro de Janeiro, bem como num contexto de dificuldades vividas pela imprensa em geral.
Reconhecendo tratar-se de "uma opção legítima dos proprietários", os comunistas não deixam de manifestar "a sua solidariedade com os trabalhadores do Porto Canal", em particular com aqueles "que têm vindo a sair da empresa na sequência da alteração da sua tipologia temática".
No comunicado, a DORP do PCP sublinha ainda a sua "profunda preocupação" com a mudança agora validada pela ERC, considerando que esta se traduz, "objectivamente, num enfraquecimento da autonomia regional e numa perda para as suas populações".
A tomada de posição surge depois de o Jornal de Notícias ter noticiado, na semana passada, que o Porto Canal está na reta final da sua transformação, com a concentração definitiva das operações no Estádio do Dragão e a preparação de uma nova grelha a arrancar em janeiro, já como canal temático desportivo centrado no F. C. Porto, encerrando um ciclo de quase 20 anos como estação generalista de âmbito regional.

