A Scotland Yard (polícia de Londres) confirmou desistir do processo nos tribunais para forçar o diário The Guardian a revelar as fontes das notícias sobre as escutas telefónicas do tabloide News of the World.
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Num comunicado emitido na terça-feira à noite, a força policial anunciou que o Ministério Público pediu mais tempo e informação para que os seus advogados analisem o caso.
Após mais consultas jurídicas, a polícia londrina "decidiu não continuar" o processo, que tinha audiência marcada para sexta-feira.
O Guardian tinha revelado, na semana passada, que os seus jornalistas eram objecto de um processo legal para revelar as suas fontes.
A polícia invocava a lei para tentar identificar a origem das fugas de informação que resultaram na revelação do conteúdo de documentos e da investigação policial.
Negou ainda que pretendesse usar a lei dos Segredos Oficiais, inicialmente destinada a combater a espionagem.
Um agente da polícia foi interrogado e suspenso no mês passado por suspeita de ter passado informação ilicitamente e uma jornalista do Guardian questionada também pelas forças de segurança.
Foi na sequência de uma série de notícias do diário Guardian que foi conhecida a dimensão das escutas das caixas de mensagens telefónicas pela redacção do News of the World.
Uma onda de indignação surgiu após a revelação de que Milly Dowler, jovem de 13 anos raptada e depois morta em 2002, teria tido o telefone escutado e mensagens apagadas.
O News of the World foi encerrado a 10 de Julho e um inquérito ordenado pelo primeiro-ministro, para olhar para a "cultura, práticas e ética da imprensa britânica".
Duas investigações policiais estão em curso, uma sobre as escutas telefónicas e outra sobre alegada corrupção de agentes da polícia.
Muito recentemente, a jornalista Amélia Hill, do Guardian, foi interrogada pela polícia britânica sobre a origem das informações que obterve sobre as escutas telefónicas ilegaias realizadas pelo jornal já extinto News of the World. A jornalista, que publicou artigos dando a conhecer as principais revelações sobre o escândalo que provocou o encerramento do citado jornal, foi questionada sobre as suspeitas de fuga de informação pela polícia, segundo informou o seu próprio jornal.
Até agora já foram detidas 16 pessoas, das quais 15 continuam sob investigação.
A imprensa britânica noticiou esta semana que a família de Dowler está a negociar uma indemnização que pode chegar aos três milhões de libras (3,44 milhões de euros).
Recorde-se que o tablóide News of the World recorria a detectives e escutas telefónicas à procura de notícias exclusivas. As escutas eram feitas a políticos, membros da família real britânica, celebridades e até parentes de soldados mortos. Acredita-se que agentes da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.