"Nasci e cresci na Covilhã e vivo há oito anos em Barcelona. Aos fins-de-semana íamos em família comprar rebuçados, chocolates e "pão espanhol" a Ciudad Rodrigo.
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O mesmo acontecia com "nuestros hermanos", que se deslocavam ás cidades fronteiriças para encher os carros com o bom café português, jogos de toalhas de linho e de algodão, sapatos, loiças, etc.
Portugal e Espanha sempre tiveram excelentes relações comerciais e afectivas, e o mito acerca da rivalidade entre os dois há muito que se dissipou. Aqui na Catalunha penso que nem nunca chegou a existir. Os catalães vêem-nos como um povo com uma intelectualidade e sensibilidade cultural e artística acima da media, generosos, amáveis, sensíveis e desenrascados. A relação bilateral entre os dois países tem-se consolidado muito nos últimos tempos e se Portugal está em crise Espanha sairá gravemente afectada. A percepção "oficial" é que as consequências da crise portuguesa para a economia espanhola serão inevitáveis e irreversíveis.
Já a "vox populi" continua a achar que os Portugueses vivem bem, despreocupados e felizes. Um amigo barcelonês, depois de ter visitado o Porto, contava-me com surpresa que não tinha sentido minimamente a crise no nosso país, que teve a estranha sensação de que as pessoas não eram conscientes da gravidade da conjuntura actual! Que a crise no nosso país, ao contrário do que acontece em Espanha, não afecta nem altera para pior o estado de ânimo da população, "sempre um sorriso na boca e uma palavra amiga e carinhosa! Com uma calma e alegria enternecedoras, os portugueses vivem felizes" e terminou o seu eloquente discurso sobre o povo luso com esta fantástica frase: "Menos mal que nos queda Portugal!" , ("Ainda bem que nos resta Portugal")."