O Processo Especial de Revitalização (PER) da Trust in News (TIN), que detém a revista Visão, entre outros títulos, "não vai ser aprovado", anunciou hoje a administração aos trabalhadores, informando que vai haver uma reunião com os diretores.
Corpo do artigo
"O PER da TIN não vai ser aprovado", lê-se na mensagem enviada pelo diretor de recursos humanos da TIN, Guilherme Nunos, a pedido da administração, a que a Lusa teve acesso.
"O tempo e as condições necessárias não se reuniram para se conseguir manter em dia todas as contribuição mensais para o Estado, desde 29 de maio de 2024, e os ordenados e subsídios de todos os colaboradores. Tudo foi sendo feito, todos os meses, para não atrasar muito cada uma das rubricas, mas a realidade é que não foi possível ter tudo em ordem, como bem sabem", explica a administração.
A reestruturação interna" está a mostrar-se correta e adequada, mas o tempo que leva a produzir efeitos é mais lento do que a queda de receitas da TIN", aponta.
Face a isto, "estamos a analisar com os nossos consultores para decidir que medidas devem ser tomadas para a viabilização da empresa, que se mantém a operar normalmente. Disso daremos conta a todos, o mais depressa possível", acrescenta, adiantando que "a administração vai reunir ainda hoje com todos os diretores" e lamentando "profundamente" a situação.
O grupo TIN, de Luís Delgado, detém os títulos Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, entre outros.
Reprovado com votos da AT e Segurança Social
O PER foi reprovado com os votos da Autoridade Tributária (AT) e Segurança Social, segundo documento a que Lusa teve acesso.
"O plano da devedora", a Trust in News (TIN), "encontra-se reprovado", lê-se na informação enviada ao tribunal pelo administrador judicial provisório, que detalha que o 'chumbo' resultou dos votos dos "credores cujos créditos correspondem a 61,16% do total dos créditos reconhecidos, correspondendo a 68,03% dos votos emitidos (apurando-se a abstenção em 10,10% do total)".
Os créditos reconhecidos ascendiam a quase 33 milhões de euros (32.940.709,87 euros) e votaram contra cerca de 20 milhões de euros (20.148.007,16 euros).
No que respeita ao parecer exigido ao administrador judicial provisório, "informa-se que será, na presente data, solicitada à devedora e aos credores a respetiva pronúncia sobre o estado de solvência ou insolvência da empresa, protestando-se juntar aos autos, desde já e no prazo máximo de 10 dias, o referido parecer".
Entre os credores que votaram contra o plano de revitalização estão a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), com um total de créditos reconhecidos de 8.125.545,20 euros, e o Instituto da Segurança Social (ISS), com 8.979.252,35 euros.
De acordo com uma e-mail da Administração Fiscal, que consta do processo, a votação desfavorável deve-se ao facto da dívida estar continuamente a subir.
"No início do PER, a AT reclamou créditos no valor de 8.125.545,20 euros" e a TIN "na presente data", de 4 de novembro, "apresenta em dívida o valor global de 8.570.032,25 euros, o que significa que continua a constituir dívida nova", sendo que neste montante não estão contabilizados "os valores que estão em dívida em cobrança voluntária (DMR de setembro e os valores de IVA desde maio a setembro de 2024)", lê-se no documento.