A crise, há muito anunciada, não se vive só em Portugal, mas no nosso país poderia, talvez, tido outros contornos. Não vou entrar em debate político e no que considero ter sido a culpa vergonhosa de uma geração de políticos ditos «socialistas». Vou, antes, procurar explicar por é que acho que ao povo cabem também responsabilidades nesta «valente embrulhada» que agora se vive.
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O problema de que Portugal enferma afigura-se muito mais óbvio quando se olha «de fora». Há vários anos (mesmo antes da crise económica e financeira mundial) que a situação económica em Portugal se vem a deteriorar e, na minha opinião, esse facto fica em grande parte a dever-se a uma indolência quase genética que leva os portugueses a comportar-se mais como a «cigarra» do que a «formiga» da velha fábula... Nos tempos de abundância que precederam o actual apertar do cinto, a facilidade do crédito fez com que muitas pessoas passassem a viver muito acima das suas posses. E que considerassem como dados adquiridos e indispensáveis certos confortos materiais que antes eram apenas do domínio do imaginário. Fizeram-no (eu diria que muitos quase inconscientemente) à custa de um sobreendividamento das famílias, que se revela agora insuportável na maioria dos casos. É verdade que a tal foram incentivados com a conivência consciente de grupos privilegiados cujos interesses falam mais alto. É uma atenuante.
No entanto, em Portugal, é preciso que as pessoas percebam, de uma vez por todas, que quando se fala em ser competitivo lá fora e aumentar a produtividade laboral estamos a falar de educação e formação, estamos a falar de trabalhar mais e melhor, estamos a falar de ter orgulho em ser português, e não apenas porque temos duas equipas na final da Taça da Europa em futebol.
Releio estas linhas e tomo consciência da dureza para quem está agora a viver na pele as medidas de austeridade impostas. Mas depois lembro-me de que, no início desta semana, li na imprensa nacional que uma das últimas sondagens realizadas dá já uma ligeira liderança ao partido que muito contribuiu para levar o país ao estado em que está...