Trabalhadores da dona da Visão vão parar se o salário não for pago até 7 de fevereiro
Os trabalhadores da Trust in News (TiN), que detém publicações como as revistas Visão e Exame, pretendem parar de trabalhar e iniciar os procedimentos necessários à realização de uma greve caso não recebam o salário e o subsídio de refeição de janeiro até ao dia 7 de fevereiro.
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Reunidos esta sexta-feira em plenário, os trabalhadores acordaram que, se o salário não for pago até à data estipulada (próximo dia 7), assumirão "o direto de tomar a decisão que entenderem para não continuarem a trabalhar", seja pela "suspensão, rescisão com justa causa e cessação por acordo dos seus contratos de trabalhos", seja pela "realização de uma greve".
Os profissionais não escondem a "perplexidade" face ao resultado da assembleia de credores de quarta-feira, que optou pela "continuidade da empresa sem garantias de pagamento", numa altura em que os trabalhadores tinham cinco salários em atraso.
Até à insolvência, ficaram por pagar "parte dos salários de outubro, os salários de novembro, o subsídio de férias, a quase totalidade do subsídio de Natal e os últimos seis subsídios de refeição". O ordenado de dezembro só ficou pago na totalidade esta sexta-feira, com um mês de atraso.
Os trabalhadores da TiN denunciam ainda os "sistemáticos incumprimentos" de Luís Delgado, único acionista, "que anunciou várias injeções de capital que nunca foram realizadas".
Na quinta-feira, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) assumiu desconfiar "da capacidade do proprietário em cumprir o que prometeu, dado o historial da gestão dos últimos anos e as dívidas acumuladas", reforçando que os trabalhadores não podem "esperar mais" pelos seus salários.
"O SJ não pode deixar de estar preocupado, lembrando que o acionista Luís Delgado se tinha comprometido com o administrador da insolvência a fazer uma injeção de capital para garantir o pagamento dos salários de dezembro antes da assembleia de credores. Não cumpriu, mas mesmo assim recebeu uma benesse estatal para tentar manter-se à frente da TiN, apesar de ter deixado a empresa cair na falência e os trabalhadores em risco de sobrevivência", defendeu.
O sindicato exige, por isso, a regularização dos salários, relembrando que os profissionais continuam "a garantir a publicação de jornais e revistas" numa "situação absolutamente inadmissível e insustentável".