Trabalhadores da Lusa exigem conhecer plano de reestruturação e garantias sobre saídas voluntárias

Trabalhadores da Lusa querem respostas do Governo
Foto: Lusa
Cerca de cento e vinte trabalhadores reuniram-se em plenário para pedir clareza sobre o plano de reestruturação da Lusa entregue à tutela. Sindicatos avançam agora com pedidos de reuniões urgentes à administração, ao Governo e aos grupos parlamentares.
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Os trabalhadores da Lusa querem respostas claras sobre o futuro da agência. Reunidos em plenário, quinta-feira, exigiram à administração que revele as medidas concretas enviadas à tutela no âmbito do plano de reestruturação previsto no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). O encontro contou com cerca de cento e vinte participantes, presencialmente e à distância, numa demonstração de inquietação perante o que consideram ser falta de transparência.
Na resolução aprovada, os trabalhadores pedem garantias de que quaisquer rescisões previstas "são efetivamente voluntárias, transparentes e iguais para todos", uma preocupação que sublinham ter surgido após a confirmação, pelo presidente do Conselho de Administração (PCA), Joaquim Carreira, de que está a ser analisado "um plano de saídas voluntárias". O responsável garantiu, na sexta-feira, que não haverá despedimentos nem lay-off, mas admitiu que poderá existir "um plano de saídas voluntárias" associado ao processo de reestruturação.
O plano em preparação integra o investimento de oito milhões de euros previsto no OE2026, que, segundo o PCA, representará cerca de seis milhões após o desconto do IVA. As verbas destinam-se, disse, a "novos sistemas operacionais, novas tecnologias, utilização de inteligência artificial, criação de uma área de inovação acoplada com formação do ponto de vista tecnológico e reforço e requalificação dos meios humanos".
Sindicatos pedem garantias e defendem autonomia
Ainda assim, os trabalhadores querem conhecer os fundamentos que justificam a reestruturação e reclamam investimento na valorização das carreiras, incluindo aumentos salariais e melhores condições de trabalho. Defendem igualmente garantias de independência editorial e de autonomia de gestão, manifestando oposição a uma eventual mudança da sede para instalações da RTP e à partilha de trabalhadores entre as duas empresas.
Outro ponto da resolução pede que o serviço público de agência de notícias seja incluído na Constituição da República Portuguesa, por considerarem que essa proteção reforçaria o papel da Lusa no ecossistema informativo nacional.
Os sindicatos representativos - Sindicato dos Jornalistas, SITE CSRA e SITESE - foram mandatados para pedir, com carácter de urgência, reuniões com o presidente do Conselho de Administração, Joaquim Carreira, com o ministro da Presidência, Leitão Amaro, bem como com todos os grupos parlamentares e deputados únicos. O objetivo é apresentar preocupações e exigir garantias num momento que consideram decisivo para o futuro da agência.
Este plenário surge na sequência da contestação já visível na semana passada, quando os sindicatos acusaram a administração de os ter surpreendido com a existência do plano de reestruturação, falando mesmo num "teatro de sombras". Agora, com a resolução aprovada, os trabalhadores preparam-se para intensificar a pressão para que o processo avance de forma transparente e com salvaguarda da autonomia e do papel da Lusa no jornalismo nacional.

