Há vários novos espaços e rostos na televisão portuguesa.
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Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a guerra regressou à Europa e os média saltaram para a linha da frente. O noticiário internacional ganhou preponderância na generalidade dos meios de comunicação social e as marcas desta mudança continuam bem visíveis três anos depois. No caso da televisão, destacam-se a criação de vários espaços de análise e a emergência de um conjunto de comentadores especialistas em assuntos militares e em relações internacionais que são hoje caras familiares dos portugueses.
A rubrica “Guerra fria” do “Jornal da Noite” da SIC, é um dos testemunhos do impacto da invasão russa nos telejornais. Os protagonistas José Milhazes e Nuno Rogeiro já tinham longa experiência na imprensa, mas alcançaram um estatuto reforçado de notoriedade. O mesmo aconteceu com Paulo Portas e a rubrica “Global” do “Jornal Nacional” da TVI. O antigo vice-primeiro-ministro é uma das vozes mais ouvidas em Portugal nas matérias internacionais, como revelam as audiências elevadas que alcança ao domingo.
É nos canais de notícias do cabo que é possível acompanhar de forma mais intensa o que se passa no Leste. Nesse contexto, surgiram diversos analistas que passaram do anonimato ao estrelato - quanto mais não seja pelo envolvimento em polémicas nestes três anos. Entre os militares têm-se distinguido os majores-generais Agostinho Costa, Carlos Branco e Isidro Morais Pereira e o coronel Carlos Mendes Dias. Os quatro têm várias décadas de experiência nas forças armadas e são autores de estudos sobre guerra, segurança e geoestratégia. No campo das relações internacionais afirmaram-se figuras como a antiga jornalista Helena Ferro de Gouveia e os professores universitários André Pereira Matos, Pedro Ponte e Sousa e Tiago André Lopes.
O regresso da guerra à Europa representou um desafio sério para os média. Durante os primeiros dois anos do conflito, a organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras prestou apoio a 1500 jornalistas e 150 órgãos de comunicação social. Desde fevereiro de 2022, pelo menos 150 profissionais da imprensa foram vítimas de ataques na Ucrânia.