Penso que é absolutamente essencial uma visão para Portugal, definindo onde queremos que o país esteja daqui a dez ou quinze anos e qual o modelo de desenvolvimento que se pretende. Por mim, desejo que Portugal nessa altura esteja no meio da União Europeia, ou seja, apresente indicadores nas principais áreas - educação, saúde, ciência, economia, justiça - iguais ou superiores à média da UE.
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Para isso, parece-me apropriado um plano para Portugal 2025, calendarizando as acções a desenvolver durante os próximos anos para atingir os tais objectivos e definindo metas intercalares. Sendo que as linhas estratégicas de de-senvolvimento deverão ser, em minha opinião, a qualidade, a produtividade (que inclui o rigor na utilização dos recursos) e a competitividade (que passa, em muitos casos, pela inovação).
Este plano deverá prever redução de encargos na Administração Pública e nas empresas públicas e municipais, bem como o seu controlo; profissionalização da gestão dos tribunais e implementação de um sistema de avaliação, com a remuneração a premiar o mérito em termos individuais e colectivos; melhoria do sistema de avaliação no Ensino, com reforço da remuneração a premiar o mérito; maiores racionalização e aproveitamento do potencial de desenvolvimento na Saúde; regime de despedimento laboral semelhante ao espanhol; e suspensão temporária dos grandes investimentos públicos em infra-estruturas.
Na Economia, deverão ser mais apoiados os sectores mais competitivos no contexto internacional, como, por exemplo, as energias renováveis, a saúde, os sistemas de informação, o calçado, os têxteis, o mobiliário, o mar e o turismo. O Estado deverá substituir a sua intervenção directa nas empresas por um forte poder regulador e de supervisão, em particular no sector dos bens não transaccionáveis, que têm funcionado em regime de quase monopólio.
Parece-me que um plano de longo prazo como este deverá ser preparado pelo Governo, que deverá obter para ele um grande consenso nacional, com o apoio das maiores forças partidárias, dos movimentos sindicais, das grandes associações empresariais, dos meios universitários e de outros sectores da sociedade civil. Com um plano desenvolvimentista deste tipo será mais fácil a população aceitar os sacrifícios que nos são obrigatórios nos próximos anos, pois a passagem por qualquer túnel sempre é mais fácil quando se vê a luz ao fundo.