Nos últimos meses respondi à questão colocada por colegas de todo o Mundo de como "estamos" a conseguir sobreviver a uma crise económica e, de certa forma, política.
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A minha resposta habitual, e de alguma forma sarcástica, é que, tendo em conta a minha experiência de oito anos em Portugal, estamos sempre em crise; a única diferença desta vez é que o resto do Mundo se preocupou em dar conta da nossa situação. Claro que esta resposta é uma distorção da verdade, uma vez que a crise é efectivamente maior do que nos anos anteriores e tem um maior impacto no emprego, consumindo energia e, claro, auto-estima. Mas somos mesmo um país vergado pela pressão de viver tudo isto? Aqui no Porto não, quando a equipa local ganha de forma tão clara. Não no que diz respeito às entusiásticas assistências da Casa da Música, talvez escapando ao fado e à melancolia. Não na minha experiência diária na zona onde habito, onde as pessoas mantêm a sua vida normal com o mesmo entusiasmo e civilidade que tanto aprecio enquanto "refugiado" de uma rude e deprimida Grã-Bretanha. Talvez o pior esteja para vir, mas nos últimos dois, três anos fomos vendo os sinais, acostumamo-nos à perspectiva de cortes e de ter menos.