O Festival Vodafone Paredes de Coura já está em contagem decrescente. Serve (quase) tudo aos festivaleiros para passar o tempo. A uma semana do começo, o recinto nas margens do Coura encheu-se de tendas.
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"Welcome to the jungle". O que se lê numa tela colocada à entrada do acampamento na praia fluvial do Taboão em Paredes de Coura diz bem o que já lá vai dentro por estes dias.
A uma semana do festival, o recinto está coberto com centenas de tendas coloridas e as "tribos" que por lá pululam assumem o seu estado (quase) selvagem. Pés descalços, corpos pouco vestidos, costas em mantas no chão, bocas alimentadas com comida servida em loiça lavada no rio, roupas penduradas a secar nas árvores, todas as necessidades satisfeitas, mas em modo rudimentar. Vale tudo, em nome da liberdade.
"Esqueci-me da minha almofada para dormir, trouxe um peluche. Foi a primeira coisa que encontrei", afirma Luís Carneiro, um estudante de 20 anos vindo de Santo Tirso, agarrado ao leão de pelúcia, que lhe aconchega a cabeça nas noites de pouco sono "no melhor sítio do mundo". "Este ano madruguei, vim na terça. É rio, é apanhar sol o dia todo, é ir à vila, o ambiente é um paraíso. À noite começa a ficar aqui grande festa", conta o jovem que se está a especializar em "desviar" moscas e lesmas do acampamento.
"Há cada lesma, acho que há por aí umas espécies raras. Elas aparecem ali perto do barco (insuflável) e depois de uma pequena dose de sal, deixam assim um líquido amarelo mesmo agradável, perto do sítio onde almoçamos", ironiza.
Da tribo do leão de peluche fazem parte sete tendas e 12 pessoas. Uma delas é Inês Coelho, tem 17 anos, e pintou o longo cabelo de...verde "para combinar com o ambiente". "Já tinha pensado pintá-lo desta cor, mas na altura pensei assim: 'Vou esperar mais um bocadinho por Paredes e pinto'", conta ao JN, transbordando de entusiasmo: "É a segunda vez que venho. Adoro Paredes de Coura. Aqui estamos livres. Longe dos pais".
E até que comecem as bandas a tocar na próxima semana há ainda muita liberdade para gozar. "Viemos mais cedo para arranjar lugar e também entramos no ambiente antes do festival começar. São as festas da vila, vamos para lá, divertimo--nos...", conta.
Com eles veio também Tiago Oliveira, de 20 anos, que fez duas viagens entre Santo Tirso e Paredes de Coura para se instalar. E do alto da sua experiência avisa: "Tudo o que se pensar que não se vai precisar, é melhor trazer".
Nas margens do rio Coura, o acampamento cresce a olhos vistos. É uma amálgama de cores que contrasta com o predominante verde.