Os norte-americanos Alabama Shakes atuam esta sexta-feira, às 21.50 horas, no festival Super Bock Super Rock, na Herdade do Cabeço da Flauta, perto da praia do Meco, em Sesimbra, protagonizando um dos concertos mais esperados do evento, na sequência do surpreendente êxito do álbum de estreia da banda, "Boys & girls".
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O baterista, Steve Johnson, de 27 anos, transmitiu, ao "Jornal de Notícias", as impressões de uma mudança radical no quotidiano do grupo.
O que pode o público português esperar do vosso concerto?
As pessoas vão ter os olhos a saltar e as caras a derreter, um pouco como algumas cenas do filme "O exorcista", quando as pessoas ficam possuídas e os ossos se torcem e o pescoço vira-se para uma direção diferente. É isso que acho que vai acontecer. Estou a brincar. Na verdade, não tenho grandes expectativas, não sei o que vai acontecer.
Como tem corrido a digressão?
Tem corrido bem. Estivemos em França, na Bélgica e na Suíça. Agora, queremos Portugal.
Tem sentido diferenças entre o público europeu e o norte-americano?
Só senti no nosso concerto de ontem [na segunda-feira passada], à noite, aqui, em Montreux [na Suíça]. A audiência estava muito atenta, mas quieta, demasiado reservada. Depois, disseram-me que eles, por boa educação, esperam até ao fim de cada canção para se manifestarem e aplaudirem. Ficam muito calados enquanto tocamos porque acham que é rude aplaudir ou gritar enquanto alguém está a tocar. Foi só essa a diferença que encontrei até agora e nem acho que seja uma diferença má. Respeito isso.
O que mudou na sua vida, com o êxito inesperado do vosso disco [o primeiro álbum, "Boys & girls"]?
Estamos todos a gostar dos momentos na estrada. A grande diferença é que estamos longe de casa e todos nós temos família, namoradas, pessoas de que gostamos, e nem sempre é fácil estar longe dessas pessoas, mas temos de aprender a lidar com isso. Pode ser desafiante, mas fazemos aquilo que temos que fazer, conseguimos pagar as nossas contas. É bom porque viajamos bastante, vemos sítios diferentes e conhecemos muita gente nova, mas seria tudo muito mais fácil se pudéssemos trazer as nossas famílias connosco, mas, para já, não podemos. Talvez um dia...
O que pensa a sua família sobre a sua nova vida? Têm orgulho em si?
Acho que sim. Mas os meus avós não compreendem, não sabem bem o que pensar. Ainda me dizem: "O quê? Despediste-te do outro emprego tão bom e agora andas por aí?". Os meus pais estão orgulhosos e acho que até gostam da nossa música. O meu filho não percebe. Está sempre a perguntar-me por que é que estou de partida para mais uma viagem e tento explicar-lhe que as pessoas de outras partes do Mundo querem ouvir a nossa música, mas ele responde que essas pessoas é que deviam ir até lá a casa para ouvir o pai tocar (risos). Ele tem apenas cinco anos, é normal que ainda não perceba.
Qual era o seu emprego, antes?
Tive vários empregos, mesmo muitos. Empregado de caixa, trabalhei durante três anos a entregar mercadorias e caixas na FedEx e tive mesmo muitos empregos. Fiz quase tudo, "man", até encontrar o meu lugar neste mundo.
Se pudesse, o que mudaria na indústria musical?
Para responder-te a isso, precisava de ficar aqui uma hora a falar (risos). Mas daria aos artistas a liberdade total de tocarem aquilo que quiserem e onde quiserem. Não acho que as rádios "mainstream" sejam hoje importantes. A Internet sim, é definitivamente um instrumento fundamental, ajudou-nos muito, muito mais do que as rádios.