<p>Um encontro "casual" no Chiado - como lhe chamou Carvalho da Silva - serviu para o secretário-geral da CGTP declarar apoio a António Costa na corrida à Câmara de Lisboa. A declaração obrigou-o a uma "clarificação", lida por Jerónimo de Sousa. </p>
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O Largo do Chiado, em frente à estação de metro, tinha sido o ponto de encontro marcado pela candidatura de António Costa para o início do dia de campanha de ontem, que incluía uma viagem de metro até ao Colégio Militar para visita às obras da Quinta da Granja. Subitamente, quando candidato e jornalistas já estavam todos presentes, apareceu Carvalho da Silva, vindo das escadas do metro, para um oportuno cumprimento a António Costa.
"Já que nos encontramos, quero desejar-lhe uma boa ponta final de campanha e dizer-lhe que é preciso a sua vitória para Lisboa e capacidade para unir a Esquerda porque Lisboa também precisa de esquerda". Foram estas, entre sorrisos, as palavras dirigidas por Carvalho da Silva, militante comunista, ao candidato do PS, António Costa, com quem entrou depois na "Brasileira" para um curto café. Questionado sobre se nas eleições de domingo vai votar PS ou CDU, coligação que congrega o PCP e "Os Verdes", Carvalho da Silva limitou-se a dizer que "o voto é secreto".
Costa tratou de capitalizar imediatamente o apoio de uma "grande personalidade", com "grande peso" e uma "referência para muitas e muitas pessoas". Para o candidato do PS, as palavras de Carvalho da Silva constituem "um sinal claro de que muita gente percebe a necessidade de que esta candidatura vença, para bem de Lisboa", apelando à "convergência dos votos" e às pessoas "que têm boa memória do grande trabalho feito sob as presidências de Jorge Sampaio e João Soares", na altura executivos de coligação entre socialistas e comunistas.
À hora de almoço, já depois de o cabeça de lista da CDU à Câmara de Lisboa, Ruben de Carvalho, ter sido confrontado com o apoio de Carvalho da Silva ao PS, o secretário-geral da CGTP viu-se obrigado a uma "clarificação do conteúdo da mensagem transmitida" de manhã a António Costa.
Em email enviado às redacções, Carvalho da Silva explicou que a sua posição "tem em conta as condições concretas e os objectivos políticos presentes na disputa eleitoral em Lisboa" e não põe em causa o seu apoio "claro e inequívoco" à CDU no conjunto das suas candidaturas.
Para Jerónimo de Sousa, líder do PCP, esta mensagem - que leu aos jornalistas em Benavente - "vale por si" e revela que "não está posto em causa o apoio" do dirigente sindical à CDU. Mais cáustico, Ruben de Carvalho disse ao JN que "em política, como em tudo o resto, cada um é responsável pelos seus actos". "Eu estou onde sempre estive, com as opiniões que toda a gente conhece".