A euforia tomou conta do recinto do Marés Vivas com os dois derradeiros concertos no penúltimo dia do festival, ainda mais concorrido do que na véspera.
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Cada qual a seu modo, Billy Idol e Gogol Bordello conseguiram reunir em seu redor as maiores assistências, cumprindo a quota parte celebrativa que deles se esperava.
Por ter suscitado em muitos uma serie de duvidas sobre a sua forma actual, BIlly Idol porventura merece o estatuto de herói da noite. Não que os anos tenham passado ao lado do cinquentenário punk, tão oxigenado como sempre, mas quem termina um concerto de hora e meia tão exigente numa forma física impressionante só merece os maiores encómios.
Mesmo que a voz possa exibir maiores limitações, Idol minimiza essas lacunas com um tremendo sentido de espetáculo, bem secundado por um eficiente grupo em que pontificou o virtuosismo do guitarrista Steve Stevens.
Todos os seus hits foram convocados ao longo de um concerto que mereceu ate um brinde do musico, numa manifestação de apreço para com o publico: a adaptação de "LA Woman", dos eternos Doors, para "Portugal Woman".
Sobre o carrossel dos Gogol Bordello pouco há a acrescentar além da evidência de que mantém intacto o poder dançante, mesmo quando o cansaço entre muitos dos presentes já era notório e as pernas clamavam pelo desejado descanso.
E se não deixa de ser verdade que a sonoridade do intrépido grupo tem o seu quê de repetitivo, sobretudo ao fim de um punhado de músicas, tal não belisca em nada o seu lado efusivo, que propaga boas vibrações com uma simplicidade sempre desarmante.
Em estreia no palco principal, depois de dois anos consecutivos no secundário do Marés Vivas, os Azeitonas aproveitaram a oportunidade para provar que o surpreendente êxito de que gozam de momento em nada se deve ao acaso.
A genuína entrega do grupo portuense - um exemplo para muitos consagrados - esteve longe de ser a única virtude de um espetáculo meticuloso do qual saíram vencedores.
Com uma formação alargada e Rui Veloso entre os reforços, jogaram os seus trunfos com mestria, libertando no momento certo (no final) o conhecido tema "aeronáutico" que possibilitou o reconhecimento atual.
O estatuto de semidesconhecida entre a maioria dos presentes não perturbou por aí além Ebony Bones, a artista britânica incumbida do primeiro concerto da noite no palco principal.
Com um forte sentido cénico e teatral, o espetáculo investiu preferencialmente na componente visual: além das máscaras equestres dos membros do coro, a própria artista foi mudando de vestimentas de acordo com as especificidades de cada tema.
A diversidade cenográfica contrastou com a excessiva semelhança entre os temas, uma mescla anódina de soul e funk misturada com uma série de palavras de ordens nem sempre inteligíveis.
A já considerável plateia reagiu com relativa indiferença a este matraquear sonoro, com exceção do último tema, ligeiramente mais inspirado do que os restantes.
A fechar a noite, os bem conhecidos do público português Gogol Bordello voltam aos palcos nacionais com a habitual festa de punk rock cigano.