Os Bloc Party regressaram ao Super Bock Super Rock, cinco anos depois, para apresentar ao público português algumas das canções do novo disco, "Four". O público não fez a festa, mas os britânicos tiveram o mérito de serem os primeiros a conseguir compor a frente do palco principal.
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Depois de um interregno que fez prever o pior, os Bloc Party voltaram aos discos e aos palcos e aproveitaram esta passagem por Portugal para dar a conhecer algumas das canções de "Four", o quarto disco de estúdio, que deverá sair no próximo mês.
A banda liderada por Kele Okereke foi capaz de chamar para junto do palco o público que andava disperso pelo recinto e pelo campismo, atuando para a maior plateia registada, até ao momento, no primeiro dia de festival.
O concerto foi num crescendo de entusiasmo, tanto para a banda como para o público. "Banquet" foi uma das canções mais celebradas da noite, mas a desconhecida "Team A", do novo disco, também foi bem recebida, num alinhamento que percorreu toda a discografia do grupo.
Entre êxitos e músicas novas, ainda houve tempo para uma pequena surpresa, com Okereke a entoar "We found love", de Rihanna.
Não houve festa rija, mas foi o primeiro momento digno de Super Rock em frente ao palco principal.
Contudo, o primeiro grande momento do dia foi protagonizado pelos Alabama Shakes, no palco secundário. Afoguearam vigor blues intercetado em rock, uma vocalista com uma boca onde cabia a via láctea. À sua frente umas duas mil criaturas arrebatadas com aquela música - e era fascínio que crescia. "Hold on" ou "Rise to the sun" confirmaram e até superaram aquilo que se ouvia no disco.
Brittany Howard, a cantora gordinha, lembrava inevitavelmente uma Janis Joplin ajustada num registo mais rock. E com ela quatro músicos que desenhavam uma sedutora massa sonora. Houve soberba ondulação de um baixista engraçado, gordura e barba enfiadas num boné. Houve um guitarrista a soltar tesouradas de eletricidade. Um teclista a distribuir tapetes de elegância. E um baterista a construir alicerces de tempo e modo.
Tocaram o disco e ainda mais. É urgente trazê-los a uma sala fechada.
O primeiro dia de Super Bock Super Rock arrancou em português, com Salto, Capitão Fausto e The Happy Mess a fazerem as honras de abertura da 18.ª edição do festival.
Aos Salto coube a ingrata tarefa de abrir o palco principal, num dia em que a afluência ao início da tarde roçava mínimos históricos. A banda do Porto trouxe até à Herdade do Cabeço da Flauta o seu disco de estreia, homónimo, lançado há três dias atrás.
O público era pouco e não conhecia as canções da banda de Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro, mas o duo - em palco acompanhado por um baterista - empenhou-se em oferecer o melhor concerto possível aos poucos que ali se concentravam.
"Deixar cair", single que serve de aperitivo ao primeiro trabalho do grupo, ou "Poema de Ninguém" foram algumas das primeiras músicas a soar na edição que marca a entrada do festival na idade adulta.
Enquanto os The Happy Mess atuavam no placo secundário, para uma plateia também muito pouco composta, os primeiros acordes de Capitão Fausto faziam-se ouvir no recinto. A banda entrou em palco às 21.20 horas e nessa altura ainda havia espaço para que muitos permanecessem sentados (e até deitados) na erva que este ano amansa a poeira característica da Herdade do Cabeço da Flauta.
A banda lisboeta, na casa dos 20s, também é nova nestas andanças e trouxe ao festival as canções de "Gazela", disco de debute lançado no final do ano passado. "Teresa", "Febre" ou "Supernova" foram algumas das canções que permitiram mostrar de que fibra se faz o novo pop rock nacional.